Artes/cultura
15/11/2022 às 09:00•2 min de leitura
A realidade dos animais de rua pode ser bastante cruel, pois além de conviver com a falta de cuidados, a violência acaba sendo um dos grandes perigos que eles podem ser submetidos.
Para aqueles que são capturados para participar das brigas organizadas de cães, o cenário é mais assustador ainda, o que torna importante o ato de denunciar essas atividades e de resgatar os animais que estejam em condições degradantes.
Um dos cães resgatados desses locais e que chama a atenção para esse tema foi batizado como nome de um pintor bastante famoso que viveu em Arles: Van Gogh. Além do nome, tanto o animalzinho, que é uma mistura de Boxer e Pit Bull Terrier, quanto o pintor, possuem algumas características que os aproximam.
(Fonte: Pet Finder/Reprodução)
Ambos ficaram sem parte da orelha em virtude de um incidente, ainda que decorrente de naturezas distintas. Em seu passado, Van Gogh era usado como um cão de isca, e sua orelha teve de ser amputada por estar bastante ferida. Acredita-se que ele tenha cerca de 7 anos atualmente, mas apesar dessas vivências violentas, finalmente o "Van Dog" está trilhando um novo caminho e se encontra num local seguro.
Nos EUA, estima-se que existam mais de 20 mil pessoas que participam das chamadas 'rinhas de cães', o que torna espécies específicas, como pit bulls, um alvo procurado para ficarem presos, sendo criados para participar de duelos violentos que colocam em risco a vida do animal. A própria alimentação do cachorro é voltada apenas pensando em nutrir o seu físico, incluindo a presença de doses substanciais de hormônios, e deixando de lado a preocupação com sua saúde e bem estar. Alvos de apostas e maus tratos, muitos deles acabam não sobrevivendo.
Van Gogh pode até parecer mais tímido num primeiro encontro ou se mostrar desconfortável mais facilmente com ambientes ruidosos e agitados, mas sua personalidade bem dócil logo aparece, mostrando até mesmo o quanto ele gosta de estar perto de crianças. Ele também já mostrou que possui um lado artístico, sendo mestre na arte de espalhar tinta nas pinturas feitas por Jaclyn Gartner, fundadora da organização Happily Furever After Rescue, e desenvolvendo essa belíssima parceria artística no seu lar provisório.
(Fonte: Pet Finder/Reprodução)
As obras de arte feitas pelo cãozinho surgem quando ele come pasta de amendoim deixada sobre as telas para atraí-lo, fazendo com que espalhe a tinta na tela (devidamente protegida em embalagem plástica) enquanto lambe o alimento, num passe de mágica. Jaclyn Gartner, aproveitando-se de tal feito, também já fez uma exposição para compartilhar as pinturas do Van Gogh canino. Com o tempo, o doguinho foi se tornando uma espécie de celebridade e já teve até algumas de suas obras vendidas.
Apesar de os maus tratos a animais ser criminalizado, não são raros os relatos de casos em que os cachorros e mesmo outras espécies exóticas são colocadas em situações degradantes, visando tanto a sua exploração quanto a venda. Além da violência, que muitas vezes acaba marcando para sempre a vida do animal, ainda há os casos de abandono e mesmo a baixa incidência de adoções, principalmente entre os animais que apresentem algum tipo de deficiência, tenham maior idade, exijam cuidados, ou que fiquem com marcas do seu passado, como no caso de Van Gogh.
Vacinado e com todos os cuidados em dia, Van Gogh está aguardando ser adotado nos Estados Unidos, servindo para lembrar que o ato de adotar um pet deve ser priorizado em vez da escolha baseada em raça, idade ou outra característica, pois não se trata apenas de um ato de responsabilidade, mas também de respeito e carinho com o mundo animal que deve ser multiplicado.