Ciência
25/12/2022 às 08:00•2 min de leitura
Palavrões são uma parte importantíssima da linguagem humana. Inclusive, o aumentativo para "palavra" cai muito bem, visto que os falamos de boca cheia e não são nem um pouco bem vistos pela sociedade — ou ao menos perto de companhias educadas.
Um palavrão usado no momento certo pode ser usado para enaltecer uma piada, ofender um "inimigo" ou até mesmo ferir uma pessoa próxima. Eles são tão importantes para expressarmos nossas emoções mais intensas que servem até mesmo para atenuar a dor. Porém, em que momento essas palavras se tornaram ofensivas no mundo? Entenda o contexto por trás disso tudo!
(Fonte: Shutterstock)
Segundo um estudo publicano no Psychonomic Bulletin & Review, que analisou palavrões em vários idiomas diferentes, a maneira como essas palavras soam ou não pode estar diretamente relacionada ao fato delas se tornarem ofensivas para o ouvido humano. O motivo? A linguagem humana não seria tão arbitrária quanto pensávamos.
E o que isso quer dizer? Existia um consenso entre pesquisadores que a relação entre o som das palavras e seus significados sempre foi muito aleatória. No entanto, os pesquisadores da Universidade de Londres, Shiri Lev-Ari e Ryan McKay, passaram a desafiar essa visão e afirmaram que certos sons estão "intrinsecamente associados a certos significados".
Um exemplo dado pelos cientistas é que muitos idiomas usam o som nasal "n" na palavra "nariz". A pesquisa também mostrou que os palavrões em inglês usam uma proporção maior de sons p, t e k do que o normal, conhecidos como "fonemas plosivos". Mas seria isso uma particularidade do inglês? Era preciso ir além na análise.
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Durante a busca incessante por padrões entre as palavras mais obscenas do mundo, os pesquisadores pediram para que falantes fluentes de cinco idiomas não relacionados — hebraico, hindi, húngaro, coreano e russo — listassem pelo menos cinco palavrões em seus idiomas, excluindo calúnias raciais.
O estudo não encontrou maior incidência de fonemas plosivos nessas palavras, mas observaram que elas tinham menos probabilidade de incluir sons aproximantes, incluindo os sons de l, r, w e y. As palavras que contêm esses sons, segundo a teoria, podem ser menos "adequadas" para criar uma ofensa.
Então, os autores do estudo recrutaram 215 pessoas para ouvir pares de palavras em um idioma desconhecido e indicar qual delas era o palavrão. Sem o conhecimento dos participantes, todos os pares de palavras eram imaginários, criados pelos autores para incluir sons aproximantes ou não.
No fim, as cobaias eram mais propensas a adivinhar que as palavras sem aproximantes eram palavrões. “Pode ser que os aproximantes sejam simbolicamente associados à calma e ao contentamento”, destacaram os autores no artigo. Por fim, o estudo conclui que é bem possível existir um padrão universal para o surgimento de palavrões, visto que a sonoridade de certas palavras simplesmente desperta sensações ruins e ofensivas em seus ouvintes.