Artes/cultura
09/06/2023 às 13:00•2 min de leitura
O Império Mongol deixou de existir há 655 anos e, mesmo assim, seus feitos no campo de batalhas seriam difíceis, se não impossíveis, para exércitos modernos replicarem — afinal de contas, eles não teriam um Genghis Khan como líder.
Os exércitos mongóis sempre estiveram em desvantagem de todas as maneiras, seja em quantidade, seja em porte físico — o inimigo do soldado mongol era geralmente maior e mais forte, e sempre foi considerado melhor armado para o combate.
A ameaça potencial de ser enfrentado por um inimigo numericamente superior foi a razão pela qual os mongóis precisaram usar quatro princípios básicos para o sucesso em combate: iniciativa, intensidade, agilidade e sincronização – além, é claro, de leite de égua, a arma secreta dos mongóis.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
O Império Mongol, liderado por Genghis Khan, foi uma das forças militares mais dominantes da história do mundo, chegando a controlar mais de 31 milhões de quilômetros quadrados em território, indo da China até a Europa Oriental e tendo em posse um quarto da população mundial.
Além dos conceitos básicos de guerrilha que eram essenciais para vencerem os combates, o exército era sustentado com airag, o resultado da fermentação do leite das éguas que viajavam com os soldados. A bebida tinha alto valor nutricional e também possuía um teor alcoólico de cerca de 2%. Dessa forma, os guerreiros não só fortaleceram o corpo, mas também a "mente" durante as guerras brutais.
Genghis Khan. (Fonte: GettyImages/Reprodução)
Os mongóis ordenhavam as éguas e guardavam o leite em uma bolsa de couro pendurada na porta de suas cabanas, denominadas "yurts". Quem entrava ou saía precisava mexer o líquido para ajudar no processo de fermentação, que levava cerca de dois dias e, depois que o leite se solidificava, eles o diluíam um pouco com mais leite para bebê-lo.
A invenção e inclusão do airag na dieta mongol dá uma ideia da desenvoltura e autossuficiência do seu exército, que se tornou especialista em fazer uso completo de todos os recursos que tinham à disposição, por se tratar de um povo nômade que não possuía a agricultura a seu favor.
(Fonte: GettyImages/Reprodução)
Uma vez que dependiam totalmente dos cavalos, os mongóis procuraram extrair todo o potencial deles mesmo fora da batalha e do transporte. Acredita-se que foi assim que descobriram esse método de fermentação que levou ao airag. Afinal, o leite de égua nunca foi muito popular entre os humanos, não apenas pela dificuldade na ordenha, mas também pela crueza do leite, considerado um laxante muito forte.
A fermentação foi a maneira que os mongóis encontraram de neutralizar o poder laxante do leite de égua, tendo o teor alcoólico como um bônus.
O airag acabou se mantendo na cultura mesmo após o fim do Império Mongol. Atualmente, na Ásia Central, o leite de égua é despejado em uma panela, batido com força e fervido para então fermentar. Eles fazem isso até que vire uma espécie de manteiga, que causa uma pungência na boca e deixa um leve gosto de leite de amêndoas.
Essa versão modernizada do airag ganhou o nome de "kumis" para ser comercializada.