Ciência
05/01/2025 às 21:00•2 min de leituraAtualizado em 05/01/2025 às 21:00
O direito ao voto é um dos grandes pilares da democracia. Afinal, o voto assegura que todos os cidadãos possam ser ouvidos em tomadas de decisões importantes, que são determinadas de acordo com a escolha da maioria.
Mas, curiosamente, muitas decisões importantes dependeram de um único individual. Há vários casos em que o poder de uma escolha solitária gerou marcas na história, alterando o curso dos acontecimentos.
Em 1920, o estado americano do Tennessee se tornou o último a ratificar a 19ª Emenda, garantindo às mulheres o direito de votar. Havia então o impasse na assembleia legislativa, e um único voto, o do senador Harry T. Burn, garantiu a aprovação da lei.
Inicialmente, Burn se opôs à emenda. No entanto, ele acabou mudando o seu voto após receber uma carta de sua mãe, Febb Burn. Ela pedia para que o filho fosse "um bom menino" e fizesse a coisa certa, votando pelo sufrágio feminino.
Com essa decisão, a 19ª Emenda obteve a maioria necessária de três quartos dos estados, assegurando a validade da lei. Esse momento histórico possibilitou que milhões de mulheres norte-americanas pudessem votar, recompensando décadas de movimentos de luta pelos direitos femininos.
Para que Adolf Hitler pudesse ascender ao poder, ele dependia de uma votação crítica no Reichstag, o parlamento presidencial alemão. Isso só ocorreu com a aprovação da Lei de Concessão de Plenos Poderes de 1933, que concedeu controle ditatorial a ele.
Só que a lei só passou por conta de um único voto, que veio do Partido do Centro, cujo apoio foi garantido depois que Hitler prometeu proteger as liberdades religiosas (posteriormente, ele quebrou a sua promessa).
A aprovação da Lei de Concessão de Plenos Poderes foi a que permitiu legalmente que Hitler consolidasse uma ditadura, já que deu poder aos nazistas para que pudessem contornar o parlamento por um período de quatro anos. Por consequência, desmantelou todas as instituições democráticas da Alemanha, iniciando o nazismo.
Na prática, Hitler usou todo esse poder para suprimir a oposição, promulgar leis antissemitas e lançar expansões territoriais invasivas. Ou seja, um único voto teve como consequência direta o começo da Segunda Guerra Mundial e do Holocausto, que exterminou milhões de vidas.
Mas às vezes um único voto pode também ter consequências positivas. E foi isso o que aconteceu durante a Crise dos Mísseis Cubanos, um confronto direto entre os Estados Unidos e a União Soviética que ocorreu em outubro de 1962.
O oficial naval soviético Vasili Arkhipov foi responsável por um voto que impediu o lançamento de torpedos nucleares de um submarino alvejado por forças americanas. O capitão do submarino e o oficial político apoiaram o disparo, imaginando que a guerra havia iniciado.
O protocolo exigia que, em caso de ataque inimigo, houvesse um consentimento unânime dos três oficiais do mais alto escalação no submarino para o lançamento das bombas. Dois deles defendiam o lançamento, mas Vasili Arkhipov se negava a participar.
Por conta desse voto, os torpedos não foram lançados. Ele se posicionou pensando que isso agravaria a situação. A decisão de Arkhipov provavelmente evitou um conflito nuclear catastrófico, uma vez que os torpedos teriam desencadeado uma guerra gigantesca entre os Estados Unidos e a União Soviética.
Muitos anos depois, os historiadores reconheceram que ele foi uma figura chave na defesa da paz, e que sua decisão pode ter salvado a humanidade da aniquilação.