Estilo de vida
04/01/2025 às 12:00•2 min de leituraAtualizado em 04/01/2025 às 12:00
Os livros têm a capacidade de mudar o mundo – assim diz o ditado. Certamente, todo mundo adora ser impactado por romances marcantes que parecem provocar um ponto de virada em nossa vida, inspirando-nos a fazer coisas novas.
Ocorre que o poder dos livros também pode causar consequências negativas. Algumas obras de ficção entraram para a história não apenas por suas qualidades, mas por terem inspirado pessoas comuns a cometerem atos terríveis.
Publicado em 1951, O Apanhador no Campo de Centeio, romance de JD Salinger, tornou-se imediatamente um cult. A obra fala de um jovem chamado Holden Caulfield que expressa um desdém pela "falsidade" da sociedade.
A maior parte dos leitores se relacionou de forma positiva com a história. Mas um sujeito chamado Mark David Chapman nutriu uma obsessão perigosa pelo livro. Em 1980, ele assassinou John Lennon do lado de fora do edifício Dakota em Nova York, e alegou depois que via Lennon como um símbolo da falsidade que Holden detestava.
Chapman disse que a riqueza e a fama de Lennon colidiam com sua mensagem de paz, tornando-o um hipócrita. Na hora do crime, ele carregava uma cópia de O Apanhador no Campo de Centeio. Depois de matar o músico, ele ficou lendo calmamente o livro enquanto esperava a polícia chegar.
Publicado pela primeira vez em 1774, Os Sofrimentos do Jovem Werther fala de um jovem perdidamente apaixonado por uma mulher que ele não pode ter. Ele acaba tirando a própria vida, criando um símbolo romantizado do desespero.
O romance de Johann Wolfgang von Goethe ecoou profundamente entre jovens leitores por toda a Europa, tanto que desencadeou uma "febre Werther". Os admiradores do livro encarnavam a faceta melancólica do personagem e muitos chegaram a se suicidar. O resultado é que a obra acabou sendo banida de alguns países.
Publicado em 1907, O Agente Secreto, de Joseph Conrad, explora o tema do terrorismo e oferece um retrato psicológico de anarquistas e seus ideais destrutivos. A obra marcou muito Ted Kaczynski, um prodígio da matemática que se tornou o terrorista doméstico conhecido como Unabomber.
Kaczynski enviava bombas caseiras para acadêmicos, executivos e outros alvos que ele associou ao avanço tecnológico. Ele escreveu um manifesto intitulado “Industrial Society and Its Future”, em que debate temas do romance de Conrad, como os efeitos desumanizadores da sociedade moderna.
Frankenstein, de Mary Shelley, é uma obra prima da literatura gótica. Seu protagonista, Victor Frankenstein, é um inventor que cria vida a partir de uma experimentação proibida. O tema cativou, na década de 1930, o cientista americano Robert Cornish.
Ele começou a desenvolver seus próprios experimentos para reviver os mortos. Para isso, usou cães que ele mesmo matou. Cornish desenvolveu uma “balança” mecânica para circular o sangue e administrou injeções químicas para dar um impulso às funções vitais. Alguns dos cães supostamente recuperaram a vida, mas sofreram sérios comprometimentos, como cegueira e danos neurológicos.
Cornish tentou ir mais adiante em seus experimentos de reanimação, pedindo autorização para aplicar seus métodos em cadáveres humanos, e até em condenados à morte. Suas propostas provocaram indignação pública e debates éticos sobre aquilo que buscava fazer.