Artes/cultura
17/02/2017 às 12:34•3 min de leitura
Winston Churchill é uma das figuras políticas mais importantes do século 20 e, como todos sabem, foi o estadista e político britânico que, durante a Segunda Guerra Mundial, liderou o Reino Unido praticamente da derrota à vitória. Ele atuou como primeiro-ministro entre 1940 e 1945, e novamente entre 1951 e 1955, mas, antes de mergulhar na vida política, Churchill serviu ao exército e trabalhou como correspondente de guerra para vários jornais.
Churchill também é lembrado por sua mente brilhante e seus talentos como orador, historiador, artista e escritor e chegou a receber um Prêmio Nobel de Literatura — em 1953 — pelo conjunto de sua obra literária. O que muita gente nem imaginava é que Winston Churchill, além de escrever magistralmente sobre guerra e História, redigiu um ensaio sobre a sua opinião com relação à existência de seres alienígenas e à exploração do espaço!
De acordo com Sarah Lewin, do portal Space.com, um documento de 11 páginas foi recentemente descoberto no National Churchill Museum situado em Fulton, no Missouri. Intitulado “Are We Alone in the Universe?” — “Estamos Sozinhos no Universo?” em tradução livre —, o texto é de autoria de Winston Churchill, foi escrito em 1939 e ligeiramente revisado no final da década de 50. E sabe de uma coisa? O ensaio é simplesmente incrível!
O ensaio descoberto no National Churchill Museum
No texto, Churchill discorre sobre a probabilidade de que existam outras formas de vida no Universo e também sobre a possibilidade de um dia o homem viajar até a Lua e inclusive Vênus ou Marte — tudo isso 30 anos antes de que Neil Armstrong embarcasse em sua viagem histórica ao satélite terrestre! O material foi descoberto por Timothy Riley, diretor do museu, em 2016, e foi encaminhado ao astrofísico israelense Mario Livio para análise.
Livio, aliás, ficou incrivelmente impressionado com o conteúdo, especialmente porque Churchill não era um cientista — e porque o político abordou as questões da mesma forma como os pesquisadores atuais as tratam. Sua linha de raciocínio é extraordinária, e ele começa, por exemplo, definindo quais são as características mais importantes que definem a vida, e onde seria mais provável encontrá-la no cosmos.
Churchill conclui em seu texto que a vida só poderia existir em locais que contenham água na sua forma líquida — isto é, em planetas que se encontrem no que os cientistas de hoje chamam de “zona habitável” próximo às estrelas, e onde eles também apostam que seria mais provável encontrar formas de vida.
O genial Winston Churchill
O político ademais pondera sobre os planetas do Sistema Solar, explicando que apenas Marte e Vênus poderiam oferecer as condições necessárias para abrigar vida, já que Mercúrio se encontra muito próximo do Sol, e os outros planetas estão distantes demais.
Churchill descarta a Lua ou asteroides como candidatos, por achar que a falta de gravidade impediria a formação de uma atmosfera, e considera a possibilidade de que existam planetas orbitando outras estrelas — os exoplanetas, que só foram ser descobertos décadas depois de o político escrever o ensaio!
O estadista argumenta que não acredita que o Sol seja o único sol que existe por aí, e que outras estrelas também poderiam abrigar uma família de planetas como a nossa. E mais: Churchill sugere que uma boa quantidade desses mundos poderia ter as dimensões necessárias para apresentar água na sua forma líquida em suas superfícies e, quem sabe, uma atmosfera, e que poderiam inclusive se encontrar na distância certa para apresentar uma temperatura adequada.
O líder britânico mostrando o "V" de vitória
Sobre a existência ou não de vida alienígena, de acordo com Livio, para Churchill era difícil acreditar que a Terra fosse o único planeta habitado do Universo e ele pensava que poderiam existir outras civilizações inteligentes. No entanto, no que diz respeito a imaginar como essas formas de vida seriam, o político prefere deixar isso para os cientistas.
Segundo Livio, Churchill era fã de Ciência e foi o primeiro Premier britânico a contratar um conselheiro científico. Ele se reunia frequentemente com pesquisadores, financiou a construção de laboratórios e pesquisas em inúmeras áreas e queria que os avanços fossem usados para tornar o mundo melhor. Como consequência, durante os anos 50, ocorreram várias descobertas importantes, como a da estrutura do DNA e o desenvolvimento da radioastronomia.
Vale lembrar que o ensaio foi redigido meses antes de a Inglaterra entrar na guerra, e Churchill finalizou o texto assim:
“I, for one, am not so immensely impressed by the success we are making of our civilization here that I am prepared to think we are the only spot in this immense universe which contains living, thinking creatures, or that we are the highest type of mental and physical development which has ever appeared in the vast compass of space and time”.
A tradução (livre) seria: “Eu, por exemplo, não estou tão imensamente impressionado pelo sucesso que estamos fazendo da nossa civilização aqui para estar preparado para pensar que somos o único lugar neste imenso Universo que contém criaturas vivas, pensantes ou que somos o tipo mais desenvolvido mental e fisicamente que tenha aparecido nesta vasta bússola de espaço e tempo”.