Estilo de vida
27/05/2019 às 06:00•2 min de leitura
Muita gente acha que falar sobre si mesmo na terceira pessoa é algo bobo ou até mesmo irritante, porém alguns cientistas acreditam que essa pode ser uma boa técnica para reprimir sentimentos negativos e superar a ansiedade e o estresse. Será?
De acordo com professor de psicologia Jason Moser, da Universidade Estadual do Michigan, nos Estados Unidos, autor do estudo "Third-person self-talk facilitates emotion regulation without engaging cognitive control", essa é uma técnica analisada mais a fundo nos últimos 5 anos. Trocar o “eu” por “você” ou “ele/ela” enquanto se refere a si mesmo faz com que criemos algo chamado de distância psicológica.
Seria como se esses sentimentos ruins estivessem acontecendo com outra pessoa, sendo portanto mais fácil de analisarmos como se estivéssemos de fora daquela situação. Claro que existe uma linha muito tênue quando você está fazendo isso em particular ou quando faz em público, já que pode soar mal se referir a si mesmo como se fosse outra pessoa – vai dizer que você nunca julgou alguém por fazer isso?
Referir-se a si mesmo na terceira pessoa tem suas vantagens
A primeira experiência de Moser foi a de colocar voluntários para assistir a vídeos perturbadores e violentos. Após a sessão, eles eram convidados a explicar o que estavam sentindo, usando, para isso, o pronome na primeira pessoa – algo como “Eu me senti incomodado”. Depois, as pessoas precisavam explicar esses sentimentos como se fossem outra pessoa, no meu caso seria algo como: “O Diego se sentiu incomodado”.
O analisar o comportamento cerebral nas duas ocasiões, Moser e sua equipe notaram que os voluntários tinham muito menos atividades nas áreas relacionadas às emoções quando se dirigiam a si mesmos na terceira pessoa.
A segunda parte da pesquisa colocou as “cobaias” para falar sobre memórias altamente carregadas de emoção. No começo, elas tinham que contar essa lembrança em primeira pessoa e depois trocar para a terceira na metade da narrativa. O resultado da análise cerebral foi semelhante ao do teste anterior, mostrando menos atividade nas regiões ligadas às emoções.
Segundo Moser, que, além de ser pesquisador, atua na área de psicologia, essa pode ser uma solução para tratar pacientes com fortes traumas psicológicos – particularmente, ele trata veteranos de guerra com transtornos de estresse pós-traumáticos. Essa abordagem difere das adotadas pelas terapias convencionais, mas pode ter um resultado muito mais rápido.