Artes/cultura
28/11/2017 às 12:09•2 min de leitura
Você já ouviu falar sobre a “Floresta de Rochas” que existe em Madagascar? O nome “oficial” desse local espetacular é Reserva Natural Integral do Tsingy de Bemaraha, e ele fica no litoral oeste do país, entre as cidades de Morondava e Antsalova. Esse lugar insólito serve de lar para lêmures e aves exóticas, assim como para manguezais superpreservados, e foi declarado Patrimônio Mundial da Humanidade da UNESCO em 1990.
(Stephen Alvarez/National Geographic Stock)
Contudo, além de abrigar fauna e flora únicas, é no Tsingy de Bemaraha que se encontra a insólita Floresta de Rochas — um imenso planalto de calcário de 1,5 mil quilômetros quadrados que mais se parece com um labirinto formado por um sem fim de picos rochosos. Algumas dessas formações medem até 100 metros de altura, e muitas ficam separadas por frestinhas que não passam de poucos centímetros.
A Floresta de Rochas é composta por milhares de pilares de calcário que foram esculpidos pela ação do vento e da chuva ao longo de milhões de anos. Mais precisamente, o Tsingy de Bemaraha inteiro consiste em uma área de karst que, há muito, muito tempo, consistia em um imenso bloco de rocha jurássica elevada do leito oceânico.
(Stephen Alvarez/National Geographic Stock)
Os karsts, caso você não saiba, são terrenos compostos por rochas porosas — como o calcário e o mármore, por exemplo — que vão se “dissolvendo”. Isso ocorre porque a água das chuvas se combina com o calcário (ou carbonato de cálcio), dando origem ao ácido carbônico que, por sua vez, é um ácido pouco potente, mas que vai corroendo a rocha lentamente.
(Mother Nature Network/Dennis van de Water/Shutterstock)
Com isso, vão surgindo cavidades e fissuras pelas quais a água continua penetrando na rocha até formar rios e lagos subterrâneos que, com o passar do tempo, podem dar origem a vastos sistemas de túneis e cavernas. Então, conforme o processo de erosão progride — por conta da ação do vento e da chuva —, essas estruturas vão entrando em colapso, criando formações como as que existem em Tsingy de Bemaraha.
Hoje, a Reserva Natural Integral do Tsingy de Bemaraha abriga inúmeras espécies de morcegos, cerca de 45 espécies de répteis, mais de 100 espécies de pássaros e 11 espécies de lêmures, além de animais únicos no mundo, como é o caso da fossa (Cryptoprocta ferox), do mangusto-de-cauda-anelada (Galidia elegans) e dos lagartos do gênero Uroplatus. E o mais fascinante é que quase toda vez que um cientista se aventura pela Floresta de Rochas, um novo bicho é identificado!
(Stephen Alvarez/National Geographic Stock)
Isso, em boa parte, se deve ao fato de o Tsingy de Bemaraha se encontrar em um lugar de acesso extremamente difícil. Para começar, a cidade mais próxima da reserva se encontra a cinco dias de viagem e, uma vez que os visitantes chegam ao parque, o passeio por entre os picos de calcário não é nada fácil — visto que, em alguns trechos, os exploradores podem levar mais de um dia para percorrer menos de 1 quilômetro.
(Stephen Alvarez/National Geographic Stock)
Por conta dessas dificuldades todas, não é de se estranhar que a Floresta de Rochas receba bem poucos turistas. O bom é que, por se tratar de um lugar inóspito para os humanos, o Tsingy de Bemaraha funciona como uma espécie de fortaleza para as espécies animais e vegetais que a reserva abriga.