Se é tão perigoso, por que tanta gente insiste em viver próximo a vulcões?

06/06/2018 às 07:353 min de leitura

Você deve estar acompanhando as notícias das erupções — meio nervosas — que andam rolando pelo mundo ultimamente. Uma delas é a do Kilauea, no Havaí, que vem acontecendo há algumas semanas e causando um enorme estrago por lá, e a mais recente foi a do Volcán de Fuego, na Guatemala, que ocorreu nos últimos dias e, além de também provocar danos materiais, como no caso do vulcão havaiano, o número de feridos, mortos e desaparecidos não para de subir.

Erupção vulcânica(Giphy 1)

Pois nós do Mega Curioso compartilhamos matérias relacionadas com as erupções desses dois vulcões por aqui e, em uma delas, um dos nossos leitores fez uma pergunta que certamente passou pela cabeça de muita gente: se os vulcões ativos são tão perigosos — e potencialmente mortais —, por que é que tanta gente insiste em viver próximo deles?

Ué...

Na realidade, existem várias razões que levam as pessoas a fixarem suas residências nas proximidades de vulcões ativos — e a ignorarem os perigos que essa decisão representa. Isso porque, apesar haver uma série de riscos (óbvios) associados à atividade dessas estruturas geológicas, também há uma variedade de benefícios e, no fim das contas, tudo se resume em pesar as vantagens e desvantagens de se morar pertinho de um vulcão.

Erupção vulcânica(Giphy 2)

Os aspectos problemáticos são mais fáceis de apontar — afinal, são esses pontos que geralmente são mais explorados quando uma grande erupção acontece. Esses eventos podem resultar em fortes explosões, na ocorrência de sismos, na formação de tsunamis, na liberação de gases tóxicos, cinzas e poeira na atmosfera, na expulsão de materiais incrivelmente quentes (como o fluxo piroclástico, por exemplo), na ejeção de lava e rochas incandescentes... Essas coisas todas que a gente sabe que os vulcões produzem.

Enfim, todos sabem que as grandes erupções podem deixar rastros de destruição e morte, afetar a vegetação e a fauna das regiões onde elas se dão, interferir na rotina das cidades próximas, gerar imensos prejuízos econômicos e causar verdadeiras catástrofes. Acontece que os vulcões ativos — e as erupções —, por incrível que pareça, também oferecem diversos benefícios.

Vantagens

Para começar, o magma presente no interior da Terra é muito rico em minerais e, uma vez ele é expelido na forma de lava na superfície, ele se resfria e solidifica. Pois, além de uma série de materiais — como o cobre, o estanho, o enxofre, a prata, o ouro e até diamantes — poderem ser minerados a partir das rochas de origem vulcânica, durante o processo de resfriamento da lava, ocorre a liberação de materiais na atmosfera, materiais esses que são transportados pelo ar e “depositados” em outras localidades.

Lava(Giphy 3)

Outra coisa interessante é que, embora logo após uma erupção a destruição seja grande, esse depósito todo de minerais no solo o torna mais fértil. Sendo assim, é bastante comum encontrar áreas intensamente cultivadas nas proximidades de vulcões. Como se fosse pouco, também é comum encontrar usinas geotermais instaladas perto dessas estruturas geológicas — que aproveitam o calor gerado no interior da Terra para produzir eletricidade, por exemplo. Alguns países que fazem uso efetivo dessas usinas são a Nova Zelândia, a Islândia e o Japão.

E tem mais: as erupções podem dar origem a novas ilhas, territórios e alterar o ambiente, criando não só novos “lares” para a fauna, como também paisagens belíssimas — o que, por sua vez, acaba por estimular o turismo. Além disso, os próprios vulcões e sua atividade atraem milhares de visitantes mundo afora, gerando, de forma direta e indireta, empregos e renda para as comunidades locais.

Erupção vulcânica(Giphy 4)

Não podemos nos esquecer, ainda, que, em muitos casos, existem razões culturais e religiosas que levam as pessoas a se fixarem nas proximidades dos vulcões. E mais uma coisinha: sim, as erupções são assustadoras, potencialmente letais e não podem ser controlados pelo homem — mas os vulcões podem ser monitorados e, quase sempre, quando vão entrar em atividade, eles dão sinais com antecedência suficiente para que as pessoas possam escapar ou ser evacuadas.

Ademais, salvo algumas exceções, os vulcões ativos não permanecem ativos o tempo todo, entrando em erupção apenas uma vez sabe-se lá em quanto tempo. Muitas vezes eles ficam dormentes durante décadas e até séculos inteiros. Assim, pensando que menos de mil mortes foram registradas neste século em decorrência de erupções, e considerando todos os prós e contras de se viver perto de um vulcão ativo, muita gente acha muito mais vantajoso assumir o risco.

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