Artes/cultura
06/06/2018 às 13:30•3 min de leitura
Sabe os moais da Ilha de Páscoa, né? Eles são aquelas estátuas imensas de pedra que medem entre 4 e 10 metros de altura, mais ou menos, e pesam várias toneladas que se encontram espalhadas pela ilha chilena — que consiste em um dos locais habitados mais isolados do planeta, situado no Pacífico, a 3,7 mil quilômetros de distância do continente.
(Wikimedia Commons/Bjørn Christian Tørrissen)
As esculturas causam assombro e há muito tempo são alvos dos mais variados estudos, uma vez que até hoje cientistas das mais diversas áreas debatem como é que esses monumentos foram criados, transportados e para qual finalidade, exatamente. Existem teorias de como os moais foram levados das pedreiras onde foram esculpidos até as plataformas nas quais eles se encontram — veja uma das mais aceitas através deste link. E, agora, um time de pesquisadores apresentou uma ideia de como algumas dessas estátuas ganharam seus chapéus.
Pois é, caro leitor, se você já deu uma boa olhada em imagens dos moais da Ilha de Páscoa — ou se você já teve o privilégio de viajar até lá para vê-los de perto —, deve ter notado que alguns deles contam com uns “chapelões” vermelhos nas cabeças. Esses “acessórios” são conhecidos como pukao e, segundo análises realizadas em alguns fragmentos desses artefatos, eles foram feitos a partir de um material avermelhado (não ria!) chamado “escória vulcânica”.
(Science Alert/Sean Hixon/Penn State)
Essas peças normalmente têm cerca de 2 metros de diâmetro, pesam cerca de 12 toneladas e ficam encaixadas sobre as cabeças dos moais. Vale destacar que estudos anteriores já haviam apontado que os chapéus foram esculpidos em uma pedreira diferente do que os moais, e que eles provavelmente foram “rolados” até os locais onde as estátuas se encontram — visto que os cilindros de escória não apresentam sinais de terem sido arrastados.
Contudo, ninguém sabia explicar como é que os Rapa Nui — os antigos habitantes da ilha — fizeram para erguer esses chapelões vários metros de altura para colocá-los no lugar. Afinal, os antigos escultores não contavam com guindastes para ajudá-los na tarefa, e é beeeem pouco provável que os aliens tenham vindo para dar uma mãozinha. A resposta? De acordo com o tal novo estudo, os Rapa Nui usaram uma manobra conhecida como “parbuckling”.
Só para você entender melhor do que se trata, o parbuckling foi usado para desencalhar o navio de cruzeiro Costa Concórdia, aquele que se acidentou no litoral da Toscana, na Itália, em 2013. Na ocasião, o time de resgate usou cabos e contrapesos, assim como tanques cheios de ar, que foram posicionados nas duas laterais do navio para “endireitar” a embarcação.
(Wikimedia Commons/Just Marine)
No caso dos chapelões, os cientistas — liderados pelo antropólogo Carl Lipo, da Universidade Binghamton, dos EUA — examinaram mais de 50 pukaos, criaram uma porção de modelos tridimensionais e concluíram que os Rapa Nui usaram cordas feitas de fibras naturais e uma longa rampa de madeira para encaixar os chapéus nas cabeças dos moais. Confira no esqueminha abaixo:
(Science Alert/Sean Hixon/Penn State)
Mais especificamente, os pesquisadores acreditam que os Rapa Nui amarraram as cordas ao redor dos pukaos e foram puxando os cilindros, fazendo com que eles fossem rolando rampa acima. Uma vez no topo, os chapéus eram “arrematados” cuidadosamente, colocados na posição certa e empurrados sobre os moais. Veja como o processo é feito com troncos de madeira:
Apesar de no exemplo acima o parbuckling ter sido usado com a ajuda de um motor, os cientistas calcularam que seriam necessários entre 10 e 15 homens para empurrar o chapelão e colocá-lo no lugar.
(Science Alert/Sean Hixon/Penn State)
Outra coisa legal é que os pesquisadores encontraram lascas de escória nos pés dos moais — o que apoia a teoria de que os pukaos eram mesmo arrematados no topo das rampas —, assim como pedaços da madeira empregada para construir as rampas, que hoje se encontra nas plataformas onde as esculturas de pedra estão. E aí, o que você achou da explicação?
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