Estilo de vida
11/07/2018 às 07:42•3 min de leitura
1 – Sabia que os antigos egípcios já tomavam “aspirina”? Os médicos dessa cultura costumavam receitar aos seus pacientes casca de salgueiro — que contém salicina, um dos ingredientes da aspirina — para o alívio da dor.
2 – Milênios mais tarde, já na Europa do século 18, um clérigo britânico chamado Edward Stone começou a indicar casca de salgueiro aos membros de sua igreja depois de mascar um pedacinho e notar que sentia mais revigorado. Nessa brincadeira, ele ajudou a aliviar 50 casos de febre reumática.
Olha que salgueiro mais frondoso e verdinho (Wikimedia Commons/Sb2s3)
3 – A descoberta foi comunicada ao pessoal da Real Sociedade de Londres, dando origem a uma corrida para encontrar formas de aproveitar a casca de salgueiro como remédio.
4 – Então, um século mais tarde, um químico francês chamado Charles Gerhardt publicou um artigo no qual ele revelava como sintetizar a salicina em laboratório e criar o ácido acetilsalicílico — o ingrediente com o qual a aspirina é produzida —, mas ninguém deu bola.
Esse no retrato é Charles Gerhardt (Wikimedia Commons/Domínio Público)
5 – Quem levou o crédito por sintetizar e inventar a aspirina foi outro cara, o químico alemão Felix Hoffmann, que não só entrou para a história por sintetizar o famoso remedinho em laboratório, como a heroína também, ambos em meados de 1897, quatro décadas depois da descoberta de Gerhardt.
6 – Hoffmann trabalhava como pesquisador da fabricante alemã Bayer e, portanto, foi ela quem deteve os direitos de marca das duas drogas, Aspirina e Heroína, durante anos. No entanto, em 1919, como parte do Tratado de Versalhes — assinado depois da derrota da Alemanha na Primeira Guerra Mundial —, a companhia foi forçada a cedê-los.
E agora, o retrato de Felix Hoffmann (Science History Institute/Bayer Corporation)
7 – Ainda sobre a gigante da indústria farmacêutica mundial — e grande fabricante de aspirina —, durante a Segunda Guerra Mundial, a Bayer “comprou” prisioneiros do campo de concentração de Auschwitz para realizar testes de novas drogas.
8 – Curiosamente, apesar de ser usada por tanto tempo, o mecanismo de ação da aspirina só foi ser descrito em meados dos anos 70, pelo pesquisador britânico John Vane — que descobriu que a substância age reduzindo a produção de prostaglandinas, ácidos graxos relacionados no surgimento de inchaços e dor.
Evita Perón quando tinha 20 e poucos anos (Wikimedia Commons/Annemarie Heinrich)
9 – Uma anedota interessante é que, em meados dos anos 40, a aspirina se transformou em um fenômeno de vendas na Argentina — e isso não teve nada a ver com a fuga de líderes nazistas para a América do Sul. Na realidade, a popularidade foi conquistada graças a jingles-chiclete cantados pela futura primeira-dama do país, Eva Perón, nas rádios.
10 – Nem todo mundo toma aspirina do mesmo jeito: os norte-americanos geralmente tomam os comprimidos com a ajuda de um gole d’água, enquanto os britânicos dissolvem o medicamento em água e os franceses preferem o remedinho como supositório.
E você, como toma a sua aspirina? (Giphy)
11 – Mas, para aqueles que preferem passar sem ter que apelar para a aspirina, uma opção é incluir uma boa dose de verduras, frutas e legumes na dieta, uma vez que o ácido benzoico presente nesses alimentos é sintetizado e convertido em ácido salicílico pelo organismo.
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