Artes/cultura
17/08/2018 às 07:30•2 min de leitura
Sondas espaciais não são nada baratas. Por isso, logo após seu lançamento, elas começam a registrar a maior quantidade possível de informações, independente da fase da missão. Dessa forma, cientistas podem analisar dados que não seriam obtidos diretamente, otimizando ao máximo o uso da tecnologia disponível.
Um caso como esse ocorreu com a detecção de um brilho ultravioleta nos limites do Sistema Solar, que agora foi confirmado pela sonda New Horizons. Formada possivelmente por ventos solares, essa luz caracterizaria um limiar entre as influências do nosso sistema planetário e o espaço sideral.
Conforme o Sol se movimenta pela galáxia, libera partículas carregadas, conhecidas como vento solar. Na posição média da Terra, a velocidade delas pode variar entre 400 e 800 km/s, com densidades próximas de 10 partículas por centímetro cúbico.
Essas partículas continuam sua viagem até os limites do nossos sistema planetário, formando algo como uma bolha ao redor dele, chamada de heliosfera. Além dessa região, algo em torno de 100 vezes mais longe do Sol do que a Terra, átomos descarregados de hidrogênio, provenientes do espaço interestelar, se chocam com as partículas emitidas pela estrela, diminuindo sua velocidade. Esse evento gera um acúmulo de hidrogênio, que emite luz ultravioleta.
As duas sondas Voyager, lançadas nos anos 1970 com o intuito de estudar Júpiter e Saturno, já tinham detectado sinais de luz ultravioleta sendo emitidos nos limites do Sistema Solar. Agora, a New Horizons, lançada em 2006 com o intuito de estudar Plutão, confirmou a existência dessa luz na frequência ultravioleta. Ela registrou o efeito por 7 vezes, de 2007 a 2017, conforme informou o cientista espacial Randy Gladstone, da Southwest Research Institute, nos EUA.
As informações registradas pelas três espaçonaves mostram muito mais luz ultravioleta do que o esperado, mas a equipe que analisou os dados adverte que essa emissão não necessariamente vem do Sol; a origem pode ser em outro lugar na galáxia.
Através dessas análises, os cientistas poderiam definir de forma mais precisa o formato e a variabilidade dos limites do Sistema Solar. Embora não esteja envolvido nessa pesquisa, o cientista espacial David McComas, da Universidade de Princeton, acredita que "seria realmente empolgante se esses dados conseguissem distinguir a parede de hidrogênio".
Após a passagem bem-sucedida por Plutão, a sonda New Horizons foi redirecionada para a Ultima Thule, corpo celeste com 30 quilômetros de diâmetro que se mantém em órbita nos limites do Sistema Solar. A aproximação está prevista para o dia 1º de janeiro de 2019, ocasião em que fará do objeto o mais distante já visitado por uma espaçonave.
Durante essa viagem e após o encontro, a sonda continuará monitorando a “parede” a cada ano, até que sua missão seja finalizada, com sorte daqui a 10 ou 15 anos. Na imagem abaixo, é possível ver a trajetória da New Horizons; Plutão aparece em ciano e a Ultima Thule, em verde.
Conforme a sonda avançar, se distanciando do Sol, ela poderá observar se em algum momento a luz começa a ficar distante. Nesse caso, fica provado que o responsável pelo efeito é o Sol. Caso contrário, sua fonte pode estar mais à frente e, assim, vindo de algum lugar nas profundezas do espaço sideral.
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