Artes/cultura
04/09/2018 às 11:02•2 min de leitura
Quem acompanha o noticiário deve ter ouvido falar bastante sobre a inflação da Venezuela durante os últimos anos. A crise política e econômica que o país enfrenta fez com que a moeda local, o bolívar venezuelano, sofresse uma desvalorização pesada, o que levou a população a fazer coisas que na maioria dos países seria absurda, como utilizar o dinheiro como guardanapo ou andar com sacolas enormes cheias de cédulas apenas para comprar itens básicos, como comida e água.
Mas mesmo diante da crise terrível que nossos vizinhos enfrentam, eles ficam bem distante do topo da lista de piores casos de hiperinflação da história. Em Zimbabwe durante os anos 1990, por exemplo, o governo precisou criar uma nota de 100 trilhões (que valia aproximadamente US$ 30) para permitir que as pessoas conseguissem carregar todo o dinheiro necessário na hora de fazer as compras.
No entanto, ambas as nações ainda ficam bem atrás da Hungria, definitivamente o pior caso de alta inflação na história moderna. Isso aconteceu durante os anos de 1945 e 1946, quando a taxa na nação chegou aos altíssimos 150.000% ao dia. Para você ter uma ideia, um produto que custava 379 pengo (a moeda da época) em setembro de 1945 custaria 954 trilhões de pengo em junho do ano seguinte.
Bandeira da Hungria
Casos extremos como esse dificilmente são resultado de uma crise comum, causada por mudanças na economia global ou algum erro na forma como o governo conduziu o país. Eles estão geralmente associados a guerras, exatamente o que aconteceu com a Hungria.
Tudo começou quando o então Império Austro-Húngaro ficou no lado perdedor da Primeira Guerra Mundial, que terminou em 1918, dando origem aos países que conhecemos hoje. Com o território arrasado e sem estrutura nenhuma para montar um governo próprio, a Hungria começou a imprimir muito da sua própria moeda, a coroa, para dar conta desses gastos. Essa tática fez o dinheiro perder valor, o que acabou forçando uma substituição para o tal pengo em 1926.
Mas essa leve estabilizada durou pouco. O país foi novamente destruído durante a Segunda Guerra Mundial, perdendo metade da sua capacidade industrial ao ficar bem no centro de diversos conflitos entre as tropas da Alemanha Nazista e da União Soviética. E qual foi a ideia do governo para se recuperar de mais essa catástrofe? Imprimir ainda mais dinheiro para estimular a economia do país.
Já deve ter dado para entender onde isso tudo vai parar. Com altas quantidades de cédulas e moedas sendo distribuídas para a população, a inflação voltou a atacar. Todo mundo tinha tanto dinheiro que ele perdia o valor, o que fazia o comércio subir os preços para compensar.
A situação logo ficou drástica. Até mesmo a coleta de impostos precisava ser feita toda em um único dia, já que apenas 24 horas faziam com que o dinheiro se tornasse praticamente inútil. Cédulas de 1 bilhão e 1 trilhão de pengo foram criadas para tentar aliviar a situação, uma solução apenas cosmética, e o valor real dos salários foi reduzido em cerca de 80%. Foi tanto dinheiro sendo produzido que o governo chegou a ficar sem papel de qualidade para imprimir mais.
Ao final de 1946, o país criou uma nova moeda, o florim húngaro, e decidiu recomeçar do zero, controlando a impressão de papel-moeda e estabilizando a situação econômica. A tática deu certo, apesar de uma crise vivida durante os anos 1990. A Hungria utiliza o florim até hoje, embora planeje mudar para o euro até 2020.
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