Artes/cultura
20/08/2019 às 06:00•2 min de leitura
Extremamente resistentes, os tardígrados são capazes de se adaptar às intempéries para se manter vivos e, segundo pesquisadores, embora o ambiente lunar seja em grande parte inóspito até mesmo para os tardígrados, alguns podem ter sobrevivido a um acidente e “semeado a lua com vida”, apesar de não ser a vida como a conhecemos.
Em 11 de abril, a nave espacial Beresheet, de Israel, entrou em colapso na superfície lunar e, como carregava folículos pilosos preservados e milhares dos minúsculos e invencíveis animais, os tardígrados, eles podem ter sobrevivido e “invadido” a lua. "Não sei se podemos falar de 'sobreviver' nesse caso, porque esses tardígrados estão em um estágio em que não estão formalmente vivos", diz Mats Harms-Ringdahl, professor emérito da Universidade de Estocolmo que enviou os animais para o espaço antes. "Eles podem ter a capacidade de voltar à vida, por assim dizer”, complementa.
Conhecidos também como “ursos da água” e “leitões de musgo”, os tardígrados gostam de se molhar, mas algumas espécies desenvolveram a capacidade de sobreviver em terra. Com água e abundância, eles comem, fazem sexo e põem ovos, mas sem água, eles se ressecam em cascas inertes de seus antigos seres, conhecidos como “tuns” podendo retornar à forma original com um esguicho de água. Isso os torna os principais sobreviventes do reino animal.
Indestrutíveis na Terra, a situação pode ser mais complicada para os tardígrados na lua. Segundo Harms-Ringdahl, temperaturas próximas a 200 graus Fahrenhit podem danificar suas proteínas a ponto de matá-los. A exposição excessiva ao sol também é um problema, uma vez que os dias e as noites lunares duram duas semanas, mas os tuns pode ter uma chance se conseguirem se estabelecer sob uma camada de poeira lunar. "Se os animais forem expostos diretamente ao espectro total da luz ultravioleta, eles estarão mortos em poucos dias, sem capacidade de retornar a um estado ativo. Mas se eles estão enterrados no solo, onde a temperatura está abaixo de zero, eles provavelmente poderiam sobreviver por muito tempo, talvez por alguns anos", diz Ingemar Jönsson, professor da Universidade de Kristianstad, na Suécia.
Mas, há um problema. A resina que cerca os tardígrados foi imprensada entre 25 camadas de níquel reflexivo e todo o disco foi escondido atrás de muitas camadas de proteção térmica metálica e outros materiais refletivos, o que poderia manter os tuns seguros. Qualquer dano que possa ter sido provocado pelo acidente, aumenta o risco de exposição ao calor e à luz ultravioleta. Agora, para se ter certeza das condições, só com novos visitantes lunares.