Artes/cultura
18/09/2019 às 12:00•2 min de leitura
O dia 26 de abril de 1983 representou um dos maiores desastres nucleares da história da humanidade. Na antiga usina nuclear de Chernobyl, localizada na extinta União Soviética, o alarme de segurança disparava. Foi a radiação a grande culpada por tamanha catástrofe, mas não se pode afirmar que seus efeitos são somente negativos. Quando usada na medicina de forma adequada, ela pode salvar vidas. Estamos falando de medicina diagnóstica por imagens, em exames cotidianos, como as radiografias e as tomografias, e também em tratamentos médicos, como a radioterapia, por exemplo.
Contudo, para grande parte da população leiga, a palavra “radiação” remete a algo negativo, cheio de estigmas e receios — uma herança provável do acontecimento na usina soviética em Chernobyl. Por outro lado, o nome instiga curiosidade em outros — principalmente aqueles que conhecem o potencial científico e médico que essa palavra representa.
Romulo Varella, médico radiologista e chefe do centro de imagem do Hospital São Lucas em Copacabana, explica que a radiação é uma forma de energia ionizante. “São ondas que têm capacidade de alterar as moléculas dos tecidos humanos. Pode ser emitida de diferentes maneiras e trazem repercussões nos tecidos. Por isso, é tão relevante.”, afirma o especialista.
“Existem vários tipos de radiação, cuja diferença tem a ver com sua frequência – que interfere na capacidade de penetrar nos tecidos. Assim como existem os conhecidos raios infravermelhos e ultravioletas, na área médica, usamos a radiação gama em exames de medicina nuclear, como cintilografia, PET Scan e também em radioterapia – tratamento para câncer que utiliza a radiação para combater as células cancerosas –, e a radiação X nos exames de imagem”, acrescenta.
Na radiologia, existem quatro métodos famosos: a radiografia, a tomografia, a ressonância magnética e a ultrassonografia. Somente os dois primeiros emitem radiação, mas não há com o que se preocupar: ela é emitida em doses baixas por poucos instantes.
Alair Sarmet, coordenador do serviço de imagem do CHN e presidente do Colégio Brasileiro de Radiologia e Diagnóstico por Imagem, explica que, se comparado ao acidente nuclear de Chernobyl, um exame de imagem comum emite radiação similar à quantidade de uma gota em um oceano. “Para fazer um termo de comparação, uma radiografia padrão emite aproximadamente 0.01 Roentgen numa área localizada. É incomparável com o desastre da usina”.