Ciência
19/09/2019 às 10:30•2 min de leitura
Cientistas do Instituto GLOBE da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas na Universidade de Copenhague, na Dinamarca, divulgaram em setembro uma pesquisa inédita sobre como a relação entre a produção de algas e oxigênio pode ter afetado o desenvolvimento e a evolução de outras formas de vida no planeta.
Pela primeira vez, o nível de oxigênio da Terra, o que é chamado de seu "batimento cardíaco", foi medido, revelando que a dinâmica entre as espécies pode ser regulada entre eles. Para isso, os pesquisadores examinaram o calcário depositado no fundo do oceano durante a explosão cambriana, que ocorreu cerca de 540 a 520 milhões de anos atrás. A proporção de urânio-238 para urânio-235 revela a quantidade de oxigênio existente nos oceanos na época.
Fósseis da era cambriana. Fonte: Smithsonian
"Conseguimos medir o 'batimento cardíaco da Terra' — entendido como a dinâmica entre o nível de oxigênio e a produtividade no planeta. Descobrimos que não são apenas o meio ambiente e o nível de oxigênio que afetam os animais, mas, provavelmente, os animais também afetam o nível de oxigênio'', diz Tais Wittchen Dahl, professor associado do Instituto GLOBE da Faculdade de Saúde e Ciências Médicas na Universidade de Copenhague.
Durante a explosão cambriana, a diversidade de animais, especialmente os marinhos, cresceu muito. Os animais evoluíram, cresceram e, com isso, ampliaram sua capacidade de locomoção.
Eles atravessaram a lama no fundo do oceano e, como resultado, grande parte do fosfato contido na água foi armazenada no fundo do mar. O fosfato é um nutriente para as algas nos oceanos e elas realizam fotossíntese, que produz oxigênio. “Menos fosfato produziu menos algas, o que, com o tempo geológico, levou a menos oxigênio na Terra e, por isso, os animais maiores se afastaram. Depois que eles se foram, o nível de oxigênio pôde subir novamente e criar condições favoráveis de vida. E então o processo se repete”, explica Dahl.
Durante as pesquisas, os cientistas encontraram no fundo do oceano, camadas de corpos oxigenados e com falta de oxigênio, respectivamente. Essas alterações globais podem ter sido causadas pelos próprios animais, de acordo com a equipe.
Compreender os mecanismos que controlam o nível de oxigênio em nosso planeta e, consequentemente, nossa evolução, é importante até para entender a possível vida em outros planetas, dizem os pesquisadores. “O oxigênio é um biomarcador — parte do que você procura quando busca vida em outras partes do universo. E se a própria vida ajuda a controlar o nível de oxigênio, é muito mais provável que também haja vida em locais onde o oxigênio está presente”, diz Dahl.