Ciência
19/09/2019 às 12:00•2 min de leitura
A explosão no Centro Estadual de Pesquisa em Virologia e Biotecnologia da Rússia levantou, mais uma vez, uma questão que gera muito debate entre os cientistas. Afinal, as amostras de vírus de doenças erradicadas devem ser mantidas para estudo ou destruídas completamente?
Entre os patógenos que estão armazenados nas instalações do centro, conhecido como Vector, que fica em Koltsovo, Novocibirsk, estão alguns dos mais perigosos do mundo, além de vírus de doenças consideradas erradicadas pela OMS (Organização Mundial da Saúde).
Os vírus da varíola, ebola, gripe aviária, além de várias cepas de hepatite, estão armazenados no Vector para estudo e, apesar da garantia das autoridades russas de que nenhum patógeno foi liberado durante a explosão, que aconteceu na última segunda-feira (16), o acidente despertou preocupações sobre a segurança da pesquisa de doenças infecciosas.
Além do Vector, o Centro de Controle e Prevenção de Doenças, em Atlanta, também armazena amostras do vírus da varíola. Nos Estados Unidos, apenas 10 cientistas têm acesso às amostras, que são fortemente protegidas.
Foto: Getty Images
Mas o debate da comunidade que estuda doenças infecciosas já tem argumentações de ambos os lados. Os retencionistas, favoráveis à manutenção das amostras, afirmam que elas fornecem o único caminho possível para estudar o vírus caso ele reapareça no futuro. Do outro lado, os destrucionistas argumentam que as amostras infecciosas devem ser destruídas, eliminando assim a possibilidade de que o vírus ressurja ou seja cultivado em uma arma biológica.
O biólogo expedicionário Terry Fredeking já financiou uma pesquisa de doenças infecciosas no Vector e afirma que os materiais são mantidos em tanques de nitrogênio líquido. “Não vejo danos aos materiais, a menos que o fogo aqueça os tanques”, disse.
Apesar de trabalhar com parceiros nos Estados Unidos e em todo o mundo em projetos pacíficos, o Vector já abrigou, no início dos anos 1990, operações secretas para pesquisar armas biológicas. Além disso, uma cientista russa morreu, em 2004, depois de picar o dedo acidentalmente com uma agulha contaminada pelo vírus ebola.