Microfibras de algodão são os maiores poluentes de água potável

Você está bebendo parte da sua própria roupa. É isso mesmo: 60% das micropartículas poluentes da água potável consistem não mais em microplástico das sacolas de mercado, mas em resíduos da lavagem de roupas. A informação é resultado de uma pesquisa recém-realizada na Penn State Behrend, nos Estados Unidos, que surpreendeu até mesmo seus autores.

No entanto, quem já utilizou a máquina de lavar algumas vezes deve ter reparado naquela sujeira que fica presa no filtro da lavadora. É exatamente parte daquela fibra de algodão dos tecidos que escapa à filtragem e que vai parar nas reservas hídricas das cidades.

Assim como o microplástico, este tipo de resíduo escapa imune dos processos de tratamento de água e, portanto, acaba indo parar na água doce potável.

Quando iniciaram sua investigação sobre este tipo de poluição, os pesquisadores imaginavam que encontrariam microesferas de plástico, mas descobriram que a fibra artificial de algodão é muito mais comum na amostra analisada.

Segundo a química especializada em poluição aquática Sherri Mason, que conduziu o estudo, tecidos sintéticos eliminam fibras não-biodegradáveis, que escoam com a água ou são expelidas na secagem, de forma que acabam retornando para os rios quando chove.

"Há microplástico no ar e, quando temos eventos de precipitação, ele volta com a chuva. Ou, quando o ar entra em contato com água, o microplástico retorna para a água dessa forma. E as fibras e microfibras estão rapidamente se tornando o tipo mais proeminente de microesferas. nós as encontramos em todos os lugares", explica ela.

A pior parte é que não há muito como resolver esse problema, especialmente pelo fato de que ele acabou de ser descoberto. Os cientistas já vinham se preocupando há um tempo com a questão do microplástico, então agora precisarão incluir no seu radar mais este tipo de partícula: as microfibras de algodão sintético.