Fóssil de 90 milhões de anos é mantido oculto por família religiosa

03/10/2019 às 07:002 min de leitura

Você consegue se imaginar enterrando ou desenterrando “ossos” estranhos em seu quintal? Provavelmente não, a não ser que seu cachorro tenha esse hábito e você os encontre em uma limpeza de rotina. Uma família cristã da Inglaterra fez exatamente isso em 1850, mas o que eles enterraram não foi um osso qualquer, foi o fóssil de um ictiossauro. Agora, quase 170 anos depois, a mesma família resolveu restaurar e mostrar o registro de 90 milhões de anos.

A família Somerset, que antecedeu a Temperley, teria “tropeçado” no fóssil enquanto cavava em uma pedreira. Comerciantes e cristãos devotos do criacionismo, a família Temperley resolveu enterrar o fóssil porque, para eles, estariam “negando a Deus” caso o exibissem. Assim, eles resolveram “devolver” os ossos à terra.

Agora, quase dois séculos depois, Julian Temperley decidiu mostrar a relíquia escondida pelos antepassados. Fabricante de aguardente, a decisão de revelar o fóssil pode ser também uma estratégia de marketing, já que o ictiossauro que ficou enterrado no quintal da família ganhará um “rótulo” nos produtos da empresa de Temperley. O investimento feito pelo empresário para desenterrar, restaurar e montar o fóssil foi de cerca de US$ 3,7 mil.

aO empresário tem planos de usar o fóssil como marca de seus produtos (Foto: Richard Austin/SWNS)

O Ichtyosaurus faz parte de um grupo extinto de répteis marinhos que se parecem com golfinhos. Os primeiros registros de descoberta da criatura ocorreram no início dos anos 1800 pela paleontóloga Mary Anning, especialista em descoberta de fósseis. O maior fóssil da espécie foi descoberto em meados da década de 1990.

Mas a história do fóssil da família inglesa chama bastante a atenção. Segundo Temperley, a família o encontrou na pedreira da família em Pitsbury, perto de Langport. “Foi enquanto cavavam a pedreira que se depararam com o Ictiossauro. Eles o levaram para casa e o enterraram. Você deve se lembrar que os fósseis não foram realmente explicados até que Darwin apareceu. Até então, se você acreditava em fósseis, estava negando a Bíblia”, explicou Temperley.

Ele contou ainda que a família costumava desenterrar o fóssil nas férias, quando viajava para a propriedade da família, olhavam e enterravam novamente. Depois das inundações de 2013 e 2014, a família percebeu que ele poderia ser danificado se fosse mantido ali. “Pensei que deveríamos cuidar dele. Os dentes ainda estão lá, na forma de esmalte, depois de 90 milhões de anos. Agora vamos mantê-lo na parede, onde fará parte da história da família”, disse.

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