Artes/cultura
14/10/2019 às 13:00•2 min de leitura
Pesquisadores do Instituto Max Planck de Ciência da História Humana em Jena, Alemanha, descobriram que a evidência mais antiga conhecida da Peste Negra vem de Laishevo, na região do Volga, na Rússia.
No século XIV, a Peste Negra exterminou até 60% da população da Europa, espalhando-se rapidamente das margens do Mar Negro para a Europa central. Embora os registros históricos documentem seu surgimento por volta de 1343, na região do baixo Volga da Rússia, os pesquisadores não sabiam se a cepa altamente virulenta da bactéria Yersinia pestis, que causou a pandemia mortal, veio de uma única fonte ou foi introduzida na Europa mais de uma vez por viajantes carregando diversas variedades de peste de diferentes partes do mundo antigo.
Fonte: Archeodunum Sas/Gourvennec Michael - Reprodução Science Mag
O estudo analisou 34 genomas antigos de Y. pestis dos dentes de pessoas enterradas em 10 locais da Europa dos séculos XIV a XVII (incluindo uma vala comum em Toulouse, França — na foto acima). Lá, os pesquisadores descobriram uma cepa de Y. pestis que era ancestral de todos os outros genomas que estudaram, diferindo em apenas uma mutação daqueles que causaram a Peste Negra na Europa. Isso não significa que a região do Volga foi o ponto zero para a Peste Negra — poderia ter vindo de outros lugares do oeste da Ásia, onde os cientistas ainda não testaram o DNA antigo de Y. pestis.
"Mostramos que uma análise extensiva dos antigos genomas de Y. pestis pode fornecer informações únicas sobre a microevolução de um patógeno por um período de várias centenas de anos", disse um dos autores do estudo e diretor do Departamento de Arqueogenética do Instituto Max Planck, Johannes Krause.
Os pesquisadores descobriram que, uma vez que a praga chegou à Europa, uma única cepa foi responsável pela Peste Negra, da Itália ao Reino Unido. Essa cepa também deu origem a outras variantes de Y. pestis que causaram surtos de pragas mortais do final do século XIV ao século XVIII. Isso sugere que a bactéria persistiu localmente na Europa, talvez em hospedeiros de roedores, onde evoluiu para diversas cepas que causaram epidemias posteriores. A pesquisa foi publicada na revista Nature Communications.