Artes/cultura
09/12/2019 às 11:30•1 min de leitura
Em julho de 2018, na comunidade Tauary, no Amazonas, pesquisadores descobriram vestígios de um cemitério indígena que indica uma sociedade ainda mais antiga do que as descobertas até o momento. Agora, os arqueólogos responsáveis temem que o achado não poderá ser devidamente estudado, por conta das ações do governo Bolsonaro em relação às pesquisas no local.
Eduardo Kazuo e Márjorie Lima, do Instituto Mamirauá, realizaram a incrível descoberta das nove urnas funerárias pré-colombianas, as únicas a serem encontradas intactas. Estima-se que elas tenham cerca de 500 anos de idade. Durante as escavações, também foram encontradas outras cerâmicas mais antigas, indicando uma civilização não datada ainda a ser estudada.
O problema é que, enquanto a novidade foi de grande valia científica, ela também escancarou as dificuldades do time em manter suas atividades. Eduardo e Márjorie contaram ao The Guardian que precisam de recursos e não são os únicos arqueólogos trabalhando na Amazônia (e outras regiões brasileiras) passando por apertos.
Profissionais relatam grandes cortes nos fundos de pesquisa, além de propostas perigosas de mudanças nas leis que regem a Arqueologia. São propostas para mudar o licenciamento ambiental, fazendo com que ele não cubra bens arqueológicos ainda não descobertos e registrados — o que impede a parte mais importante da atuação em campo, a pesquisa.
Há também o perigo recorrente das promessas de Bolsonaro de entregar a Amazônia para madeireiros e agricultores, expulsando comunidades indígenas e, com elas, o conhecimento ancestral que é necessário para reconstituir o passado. Os índigenas são, também, os maiores responsáveis pela preservação da floresta e dos próprios sítios arqueológicos, graças ao seu compromisso com a natureza.
Para a publicação The Guardian, o professor Eduardo Neves resumiu a situação da Amazônia e do Brasil como um todo: "É uma ótima época para fazer Arqueologia, mas ela está ameaçada".