Ciência
18/02/2020 às 10:00•2 min de leitura
Segundo sugere um chocante estudo apresentado por pesquisadores brasileiros, grandes porções desmatadas da Amazônia – ou uma área estimada em quase 20% do total da floresta – liberam na atmosfera mais CO2 do que absorvem. Os responsáveis pelo levantamento realizaram o monitoramento dos níveis de gases de efeito estufa na Bacia Amazônica ao longo de 10 anos e os números apontam que a floresta está caminhando no sentido de perder sua habilidade de se renovar e de começar a emitir mais dióxido de carbono do que assimila a um ritmo muito mais acelerado do que se pensava.
O estudo foi liderado por Luciana Gatti, do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), e Carlos Nobre, da Universidade de São Paulo (USP), e envolveu a medição dos índices de poluentes na Bacia Amazônica por meio de sobrevoos com aeronaves equipadas com sensores específicos para esse fim. As leituras eram realizadas a cada 15 dias e o levantamento, conforme mencionamos antes, foi feito no decorrer de 1 década.
Segundo explicaram os cientistas envolvidos no projeto, as árvores, como todos sabem, absorvem o dióxido de carbono da atmosfera. Entretanto, quando elas morrem – seja em decorrência de causas naturais, devido ao desmatamento ou por conta de incêndios –, as plantas voltam a liberar o CO2 no ambiente.
No caso da Floresta Amazônica, ela é considerada como uma das principais áreas de sequestro de carbono do planeta e desempenha um papel superimportante no controle da progressão do aquecimento global. Contudo, com a constante elevação no número de queimadas e incêndios florestais, assim como a intensificação da derrubada de árvores para a criação de áreas de cultivo ou criação de animais ou, ainda, com foco na indústria madeireira, a quantidade de áreas desmatadas não para de subir.
Para se ter ideia, de julho a setembro do ano passado, a floresta perdeu mil quilômetros quadrados de área a cada mês! Com isso, conforme indicou o estudo, que ainda não foi publicado oficialmente, a Amazônia está gradualmente se convertendo em uma fonte de carbono – em oposição à função de sequestro de carbono.
Os pesquisadores calcularam que, se o aquecimento global não for controlado e o desmatamento continuar progredindo como agora, quando o índice de desflorestamento alcançar entre 20% ou 25%, a Amazônia perderá sua capacidade de se renovar – e já batemos os 17%. Além disso, de acordo com algumas projeções, se o desmatamento continuar no mesmo ritmo e nenhuma medida for tomada, a tendência é que mais da metade da Amazônia se transforme em savana em 30 anos.
É importante destacar que, no momento, a parte vegetada da Floresta Amazônica – que corresponde à grande maioria de sua área – ainda tem grande influência na absorção de carbono da atmosfera. No entanto, as parcelas desmatadas já somam aproximadamente 20% da floresta e, além de deixarem de “sequestrar” o CO2, estão contribuindo com a sua liberação na atmosfera, e esse desequilíbrio certamente deve ser considerado na hora de criar estratégias para combater o aquecimento global e as mudanças climáticas decorrentes dele.
Perto de 20% da Floresta Amazônica libera mais CO2 do que absorve via TecMundo