Ciência
23/02/2020 às 09:00•2 min de leitura
A recente descoberta de um esqueleto parcial de neandertal pode sugerir que alguns deles enterravam seus mortos e demonstravam alguns sentimentos como luto e sentimento de perda. O esqueleto foi encontrado nas profundezas de uma caverna no Curdistão iraquiano. Os ossos encontrados têm aproximadamente 70 mil anos de idade. Os neandertais viveram na Eurásia a cerca de 250 mil a 40 mil anos atrás.
O neandertal encontrado estava com o crânio esmagado e possuia a parte superior do corpo, o que o torna o esqueleto neandertal articulado mais completo encontrado em mais de 25 anos, segundo os pesquisadores.
Segundo a copesquisadora, especialista em ossos humanos e professora da evolução da saúde, dieta e nutrição no Departamento de Arqueologia da Universidade de Cambridge Emma Pomeroy, a ideia de que alguns neandertais tivessem práticas mortuárias é debatida entre antropólogos. A prática poderia sugerir a capacidade de pensamento simbólico do neandertal, porém, essa habilidade parece ser quase exclusivamente humana, disse Pomeroy à Live Science. “Isso nos diz algo sobre o modo como os neandertais estavam pensando; se eles experimentaram o tipo de emoção que temos e tinham o tipo de capacidade cognitiva de pensar abstratamente sobre o mundo”, falou.
Os restos mortais do neandertal foi descoberto na caverna Shanidar, no Curdistão iraquiano. Lá já foram encontrados, em 1950, restos de 10 neandertais. O arqueólogo americano Ralph Solecki, que fez a descoberta, afirmou que alguns tinham sido mortos por pedras que caíram do teto da caverna e outros teriam sido enterrados com rituais formais de sepultamento.
Após a escavação de Solecky, a caverna foi utilizada como abrigo por criadores de cabras, mas em 2014, os arqueólogos foram convidados pelo governo regional a retornar. Apesar disso, uma ameaça do ISIS adiou o projeto até 2015. Solecki não conseguiu voltar ao local de sua descoberta e a nova equipe sequer esperava encontrar mais restos de neandertais. “Foi realmente inesperado e meio que emocionante”, disse Pomeroy.
Apelidado de Shanidar Z, o neandertal estava com a cabeça apoiada no braço esquerdo e o braço direito estava dobrado no cotovelo. A parte inferior do corpo não foi encontrada e pode até mesmo ter sido removida por Solecki.
Segundo os pesquisadores, com base nos dentes desgastados, é provável que Shanidar Z era um adulto de meia idade ou mais. O esqueleto do neandertal está em Cambridge, onde está sendo conservado e digitalizado. Os pesquisadores planejam procurar DNA antigo e vestígios podem indicar onde viveu e ainda as práticas que realizava.
Durante a escavação, um dente de outro neandertal e ossos de outros foram encontrados, o que pode indicar que a caverna foi usada como cemitério, afirmam os pesquisadores.
O novo estudo publicado na revista Antiquity mostra que os pesquisadores parecem convencidos de que os neandertais foram enterrados propositalmente.