Ciência
27/02/2020 às 14:00•2 min de leitura
Apesar do coronavírus ter se tornado preocupação mundial e, inclusive, já ter chegado ao Brasil, uma outra doença tem chamado a atenção de médicos e pesquisadores brasileiros: o vírus Orov, que é o causador da febre oropouche, encontrada com maior frequência na região amazônica do país. O vírus é passado para o ser humano por meio da picada do seu mosquito hospedeiro, chamado de Culicoides paraensis, mas conhecido pelo nome popular de borrachudo.
Seu diagnóstico é feito por meio de amostra sanguínea ou da análise do DNA do vírus. Entretanto, foi constatada a presença do Orov na saliva e urina de uma mulher infectada no Amazonas.
Durante o período de fevereiro e junho de 2016, existiu no país um surto da doença zika, bastante parecida com a doença causada pelo vírus Orov. Diversos pacientes chegaram ao Hospital Adventista com suspeita de estarem infectados por um tipo de arbovírus (transmitidos por artrópodes), como dengue, zika ou a própria febre oropouche.
Cerca de 352 amostras de saliva e urina foram retiradas das pessoas que aceitaram participar do estudo. Elas foram levadas ao laboratório para exame de identificação do vírus da zika.
A urina e saliva de cerca de 5 pacientes que já tinham sido diagnosticados com infecção pelo vírus Orov também foram analisados, e dentre elas, uma mulher de 51 anos que mora no Amazonas, teve a confirmação da sua doença pelo exame de saliva e urina.
Alguns dos sintomas apresentados por ela foram: erupção cutânea, febre, prurido, mialgia (dor muscular), diarreia, vômito, dor de cabeça, artralgia (dor nas juntas) e linfadenopatia (aumento dos linfonodos).
"Dessa forma, não só ampliamos o conhecimento a respeito do vírus, como abrimos caminho para um novo meio de diagnóstico da doença, contribuindo para seu controle e o bem-estar do paciente", conta Felipe Gomes Naveca, membro da Fundação Oswaldo Cruz na amazônia e participante do estudo.
A febre oropouche, causada pelo Vírus Orov, foi detectada pela primeira vez no Brasil em 1960, mas outros países como Peru e Panamá também já contam com casos. Ela é considerada uma doença infecciosa aguda, no qual os seus sintomas contam com uma duração curta.
Alguns dos sintomas comuns da febre Oropouche são: febre, dor de cabeça, calafrios, náuseas e dores nas articulações. Por ser bastante parecida com a Dengue ou Zika, é comum que ela seja confundida, entretanto, ela também conta com outros efeitos ao organismo, como fotofobia (ganho de sensibilidade à luz), dor ocular e tonturas.
O tratamento da doença é focado apenas no alívio dos sintomas, já que o próprio organismo se encarregará de eliminar o vírus do corpo. Entretanto, é preciso tomar alguns cuidados, principalmente relacionados à automedicação: evite tomar medicamentos à base de ácido acetilsalicílico (aspirina).
Esse composto não afeta diretamente o vírus Orov, mas caso exista a suspeita do paciente estar com dengue, a aspirina poderá prolongar os sangramentos, causando bastante incômodo ao infectado.