Cientista que mapeou Coronavírus destaca investimento à pesquisa

11/03/2020 às 03:002 min de leitura

Em entrevista à Agência Brasil, a cientista Ester Sabino ressaltou a importância de haver investimento em pesquisa no país: “não se faz sem recursos”. A brasileira foi uma das coordenadoras do grupo de especialistas que sequenciou o genoma do Coronavírus em apenas 48 horas — em outros países, isso levaria cerca de 15 dias para ser realizado. Com mais de 30 anos de carreira, Sabino foi também diretora do Instituto de Medicina Tropical da Universidade de São Paulo e desenvolveu trabalhos em diversas áreas médicas.

Atualmente, ela se dedica a conduzir sua carreira conforme a necessidade e o incentivo financeiro do Brasil ou exterior. “Eu faço pesquisa sob demanda. Então, muitas vezes, trabalho com assuntos muito diferentes. Porque, se é uma oportunidade de ter o recurso para fazer, eu vou estudar”, destacou à agência.

Dentre as contribuições de Ester Sabino às ciências nacional e mundial estão os estudos ligados aos vírus do HIV e zika. “Quando teve a epidemia de zika surgiram muitas oportunidades e recursos de fora para fazer pesquisa. Como a gente no instituto tem dificuldade em conseguir recursos, fui atrás. Eu já era diretora, tinha uma equipe trabalhando com essa questão. Com isso, conseguimos alguns recursos de fora”, a pesquisadora apontou.

Ester Sabino (de blusa azul) junto das outras cientistas que realizaram mapeamento do Coronavírus. (Fonte: Agência Brasil/Reprodução)

Incentivo permitiu avanço na pesquisa

No caso do sequenciamento do Coronavírus, o resultado rápido foi possível devido à estrutura já existente para investigação de doenças oriundas de mosquitos — como dengue, febre amarela e zika —, ao financiamento concedido pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (Fapesp) e à colaboração de instituições do Reino Unido. A partir dessa tarefa, outros cientistas poderão aprofundar os estudos quanto ao vírus e buscar meios de combater a doença.

Sobre o assunto, Sabino ainda disse ter ficado surpresa com a repercussão do trabalho da equipe brasileira em todo o mundo. “Talvez tivesse alguma notícia no jornal, mas não imaginei que tivesse essa repercussão”, ela disse. “Na carreira científica, tenho outros trabalhos muito mais interessantes”, a especialista completou.

O Coronavírus (COVID-19) foi descoberto no final de 2019, depois de casos confirmados na China. No momento, a doença já infectou mais de 100 mil pessoas em todo o mundo e fez mais de 30 vítimas confirmadas no Brasil.

Com sintomas similares aos de uma gripe e de infecções respiratórias, o COVID-19 é transmitido por contato, portanto é essencial higienizar constantemente as mãos e evitar aglomerações. Em caso de suspeita, é imprescindível buscar atendimento médico urgente.

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