Ciência
11/05/2020 às 10:37•2 min de leitura
A agência federal norte-americana Food and Drug Administration (FDA) concedeu permissão para uso emergencial de um novo teste para detectar o coronavírus. Por meio da técnica de Repetições Palindrômicas Curtas Agrupadas e Regularmente Interespaçadas – ou CRISPR –, a metodologia se baseia na edição do genoma analisado e permitirá expandir a quantidade de diagnósticos realizados no país.
Segundo a ONG The COVID Tracking Project, cerca de 250 mil testes já são aplicados por lá diariamente, mas existem locais nos quais foi constatada a falta de equipamentos para uma identificação mais ampla de pessoas contaminadas. Com essa medida, laboratórios certificados poderão fornecer resultados com eficiência e agilidade.
Novidade promete ampliar o número de testes aplicados nos EUA e agilizar o processo.
A companhia por trás dos kits é a Sherlock Biosciences, uma empresa de biotecnologia sediada em Cambridge. Basicamente, os dispositivos permitem detectar determinadas sequências genéticas para visualizar fragmentos do SARS-CoV-2. Essas sequências são obtidas a partir de fluidos fornecidos pelo paciente por meio de cotonetes ou mesmo coletados do nariz, boca, garganta ou pulmão. Com a presença do vírus, um brilho fluorescente é gerado em cerca de uma hora, de acordo com a empresa.
Outras instituições também começaram a desenvolver soluções do tipo para ampliar a capacidade de aplicação da técnica – buscando resultados ainda mais eficazes que podem bater a marca dos 40 minutos. Entretanto, Rahul Dhanda, chefe executivo da Sherlock, é ainda mais ambicioso, afirmando que a meta deles é criar um teste que não precise ser submetido a processamento laboratorial e possa ser feito em casa. A novidade, claro, passaria por uma nova série de validações dos órgãos fiscais.
O desafio não é simples: das 60 autorizações emitidas desde abril em caráter emergencial para diagnósticos do coronavírus, nem uma sequer permitiu técnicas autônomas, realizadas somente em domicílio. Ainda assim, o mesmo time responsável pela aplicação da metodologia CRISPR já mostrou habilidade e provou ser possível detectar baixos níveis de vírus Zika e daqueles que causam a dengue em 2017 – o que pode ajudar em processos futuros.
“O mais importante é que as pessoas sigam as recomendações de distanciamento social: limitem a exposição a outros indivíduos, mantenham-se saudáveis e avisem ao próximo quando não estiverem bem”, aconselha Dhanda. “Temos de acreditar que todos farão a coisa certa. Vi a comunidade da Sherlock se mobilizar imediatamente e com urgência para combater a crise, colaborando em vez de competindo”.
Rahul Dhanda, chefe executivo da Sherlock Biosciences.
Nos Estados Unidos, foram registrados mais de 1,3 milhão de casos de covid-19 e mais de 78 mil mortes.
Primeiro teste CRISPR para detectar coronavírus é aprovado nos EUA via TecMundo