Ciência
18/05/2020 às 07:00•2 min de leitura
Os Homo sapiens do Paleolítico conviveram com neandertais durante pelo menos oito mil anos. A descoberta foi realizada por arqueólogos da Bulgária que acharam, em uma caverna, ossos humanos com idade estimada em 45 mil anos. Esta é a evidência direta mais antiga da presença dos humanos modernos na Europa.
Os pesquisadores trabalharam em uma caverna conhecida como Bacho Kiro, localizada a cinco quilômetros da cidade de Dryanovo, que foi descoberta e escavada pela primeira vez na década de 1970.
A nova exploração foi realizada por duas equipes de pesquisadores e encontrou um punhado de ossos e dentes. No entanto, devido à idade milenar dos objetos, era impossível identificar a espécie de animal dos restos mortais.
Um dente era claramente humano, mas o restante teve de ser submetido a análises detalhadas de laboratório para sequenciar as proteínas do material genético. O resultado dos exames revelou eram restos mortais de Homo sapiens do Paleolítico.
Durante os oito mil anos de coexistência, humanos e neandertais podem ter interagido – tanto em termos biológicos quanto culturais. Uma das provas da convivência foi a quantidade de dentes de urso usados como pingentes por humanos. Os cientistas ficaram surpresos, pois foram encontrados pingentes semelhantes feitos pelos neandertais.
Uma das coautoras da descoberta, a antropóloga da Universidade de Nova York Shara Bailey, afirma que havia claras semelhanças entre os objetos feitos pelos Homo sapiens no local búlgaro e as versões mais recentes criadas pelos neandertais.
“Existem algumas semelhanças nas técnicas de fabricação usadas pelo Homo sapiens em Bacho Kiro e neandertais em outros lugares, o que deixa claro que havia transmissão cultural acontecendo entre os dois grupos”, conclui a antropóloga.
(Fonte: Tsenka Tsanova/Reprodução)
A análise dos restos humanos fossilizados revela que os habitantes da caverna caçavam bisões e veados. Os dentes dos animais eram transformados em ferramentas e ornamentos pessoais, o que era comum tanto entre humanos quanto em neandertais.
O estudo revelou que muitos ossos de animais foram transformados em furadores e isqueiros, que eram usados para fazer furos em couros e suavizar peles de animais.
Os arqueólogos encontraram ossos de animais com marcas de cortes proeminentes, o que indica que os humanos também usavam ferramentas para cortar as carcaças de carne e outros materiais.