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26/05/2020 às 07:42•2 min de leitura
Em entrevista à revista Nature, o físico Luiz Davidovich, um dos principais líderes na luta contra a covid-19, explicou o que os pesquisadores estão fazendo e enfrentando para controlar a doença no país e fazer descobertas que auxiliem na criação de uma cura ou vacina.
De acordo com ele, "os cientistas estão trabalhando intensamente em todo o país: os engenheiros estão trabalhando para projetar respiradores confiáveis, mas baratos, os químicos estão explorando compostos para possíveis tratamentos e os matemáticos estão usando a inteligência artificial para identificar moléculas que podem ajudar a aliviar a dor dos pacientes".
Com relação à atuação do governo na luta contra o covid-19, ele foi enfático: "As organizações científicas estão emitindo declarações públicas criticando a posição anticientífica do governo. O presidente da Academia Nacional de Medicina e eu assinamos uma declaração sobre o uso de cloroquina e hidroxicloroquina, declarando o que a ciência sabe sobre esses medicamentos e criticando a posição do governo. Também estamos trabalhando com a mídia: em uma entrevista na televisão, eu disse que os medicamentos deveriam ser prescritos por médicos, e não pelo presidente do Brasil. Organizamos uma marcha virtual pela ciência, na qual essas questões foram discutidas."
"Matemáticos estão usando a inteligência artificial para identificar moléculas que podem ajudar a aliviar a dor dos pacientes", afirma Luiz Davidovich. Fonte: Agência Brasil / Reprodução
Ciência e política estão entrando em conflito no Brasil. Enquanto o país ocupa a 2ª posição mundial de nações com mais casos da covid-19, o presidente Jair Bolsonaro é fotografado apertando a mão de apoiadores sem a devida proteção, além de rejeitar as medidas de distanciamento social divulgadas pela OMS.
Além disso, o governo brasileiro está incentivando o uso de um remédio utilizado no tratamento da malária, a cloroquina, para auxiliar nos sintomas da covid-19. Entretanto, não existe nenhum estudo que comprove a eficácia do medicamento nessa situação.
O ministro da saúde Luiz Mandetta foi demitido em meados de abril após desentendimentos com o presidente por conta das medidas que estavam sendo impostas. Seu sucessor, Nelson Teich, renunciou após um mês no cargo, no dia 15 de maio.
Presidente Jair Bolsonaro em coletiva de imprensa no Palácio da Álvorada. Fonte: Agência Brasil / Reprodução