O que terá acontecido ao USS Cyclops?

01/06/2020 às 14:003 min de leitura

Já não é mistério para absolutamente ninguém que, ao longo dos séculos, qualquer tipo de embarcação que se atreva a cruzar as águas do Triângulo das Bermudas quebra, afunda ou simplesmente desaparece. 

Apesar de terem sido feitos estudos paranormais, ufológicos e científicos, nos quais cada especialista reivindicou seu posicionamento e apresentou suas explicações para o fenômeno, ninguém jamais conseguiu determinar exatamente a causa dos insólitos acontecimentos na região.

Mesmo com a quantidade considerável de histórias sobre naufrágios — que já foram tão comentadas quanto o mistério ao redor do Triângulo das Bermudas —, o que aconteceu com o navio USS Cyclops em 1918 é de longe a mais esquisita e assustadora de todas.

O gigante mitológico

(Fonte: Blog 5 Besar/Reprodução)(Fonte: Blog 5 Besar/Reprodução)

Construído nos estaleiros da Filadélfia em 1910 e nomeado USS Cyclops em homenagem a um dos grandes gigantes da mitologia grega, o navio de carga foi definido pelos jornais da época como “uma mina de carvão flutuante” por conta de seu tamanho. Ele era o maior e mais tecnológico entre todas as embarcações. Projetado para reabastecer as frotas da Marinha transportando toneladas de carvão que tinham alto risco de causarem uma explosão, o navio tinha quase 168 metros de comprimento e conseguia acomodar até 13 mil toneladas de carga a bordo.

No dia 7 de novembro de 1910, com o capitão George Worley no comando, o Cyclops realizou viagens até o Báltico para abastecer navios da Segunda Divisão. Ele cruzou também Norfolk, Rhode Island e Caribe. Durante a ocupação norte-americana de Veracruz, em meados de 1914, no México, o navio alojou várias embarcações de patrulha local e auxiliou no resgate de refugiados.

Em maio de 1917, com a entrada dos Estados Unidos na Primeira Guerra Mundial, o navio foi comissionado para que se tornasse um ativo naval de transporte. Assim, Cyclops levaria subsídios para outras embarcações em todo o mundo, transportando tropas e carvão. Ele então foi equipado com um arsenal de armas de calibre 50 e um verdadeiro hospital de suprimentos. Vários médicos do Hospital John Hopkins foram levados de Baltimore à França para cuidar dos soldados na frente de guerra.

Exceto por uma viagem até a Nova Escócia, o Cyclops seguiu nessa jornada naval até o dia 9 de janeiro de 1918, quando foi designado para o Serviço de Transporte Naval Overseas. Ele navegou até a cidade do Rio de Janeiro para abastecer os navios britânicos com 10 mil toneladas de minério manganês.

A última viagem

(Fonte: Naval History Blog/Reprodução)(Fonte: Naval History Blog/Reprodução)

O comandante Worley informou ao Conselho de Pesquisa dos Estados Unidos que o motor de estibordo do navio estava inoperante devido a uma rachadura em um dos cilindros, ocasionando a redução de sua velocidade para 10 nós. Ele ainda reclamou da sobrecarga e por isso foi aconselhado a voltar ao país para os devidos reparos.

Após ser pesadamente carregado com minério, excedendo a sua capacidade, o USS Cyclops partiu do Rio de Janeiro no dia 22 de fevereiro de 1918, com 306 pessoas a bordo. Então, ele ancorou em Barbados no dia 3 de março para reabastecer e, no dia seguinte, enquanto partia rumo a Baltimore (em uma viagem que duraria 9 dias), foi emitida do navio esta mensagem: “O tempo está bom. Tudo bem”. E, então, simplesmente desapareceu do mapa.

Acredita-se que o navio estava cruzando a região das Bermudas, de Miami e de Porto Rico quando parou de responder. Houve um boato de que o Cyclops foi visto na costa de Virgínia, porém, depois, isso foi negado. Era praticamente impossível que essa embarcação estivesse lá, visto que não chegaria a Baltimore antes do dia 13 de março, ainda mais com velocidade reduzida. O boato provavelmente surgiu para colocar a culpa no clima violento que assolara Virginia Capes em 10 de março.

Seja como for, o USS Cyclops não chegou ao seu destino final. Nunca foram encontrados nenhum rastro dos destroços, apesar de exaustivas buscas que reviraram a rota planejada e as alternativas.

Conspirações do fundo do mar

O capitão George Worley. (Fonte: The Quester Files/Reprodução)O capitão George Worley. (Fonte: The Quester Files/Reprodução)

As buscas exaustivas pelo Cyclops ocasionaram estudos igualmente cansativos para tentar, minimamente, determinar a causa de seu desaparecimento. Na troca de informações com os tripulantes e comandantes que encontraram o Cyclops, tanto no Brasil quanto em Barbados, foram feitos relatos de que a embarcação já havia enfrentado danos no casco em decorrência de incêndios causados pelo carvão, além de falhas nas tubulações.

Além disso, confirmou-se que a carga extra foi manuseada de forma incorreta e que boa parte dela tombou do navio. Portanto, do ponto de vista técnico, os especialistas acreditaram que a água presente no casco causou a perda de estabilidade da embarcação, resultando no Efeito de Superfície Livre — em decorrência de inundações progressivas que finalmente culminaram em um naufrágio.

O mais intrigante, porém, é o fato de que o capitão Worley não emitiu sequer um alerta SOS. Em mais de 100 anos, a tecnologia avançada dos submarinos e do mapeamento oceânico profundo foram incapazes de detectar nenhum pedacinho que fosse do USS Cyclops, de cargas ou objetos internos. 

Em meados de junho de 1918, sob o barulhento silêncio de qualquer rastro da embarcação, o Secretário Adjunto da Marinha, Franklin D. Roosevelt, declarou que o USS Cyclops estava oficialmente perdido no mundo, resultando na maior perda de vidas sem conflitos que já aconteceu na história marítima dos Estados Unidos.

As teorias emergiram. A principal delas foi uma envolvendo a conduta duvidosa do comandante Worley, sempre odiado por oficiais e colegas, sendo constantemente acusado de ser pró-alemães. Mais tarde, foi descoberto que ele era naturalmente alemão e tinha fingido sua natureza norte-americana, inclusive mudando o próprio nome para poder integrar à Marinha. Sendo assim, passaram a sugerir que o Cyclops tinha sido sequestrado pelo capitão, encontrando-se com um navio da nação inimiga durante o trajeto.

Na esteira de acontecimentos, surgiram os típicos casos de monstros marinhos e outras criaturas aquáticas que teriam simplesmente abocanhado o navio para sempre. Enquanto isso, outros imaginam que o USS Cyclops simplesmente atravessou uma dobra no tempo e espaço, desembocando nas águas de outra dimensão ou realidade e no melhor estilo Belo Sonhador, descrito pela autora Sarah Lotz no livro O Quarto Dia.

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