Artes/cultura
04/06/2020 às 02:00•2 min de leitura
Um estudo recente descobriu que uma anomalia genética ocorrida há cerca de 70 milhões de anos permitiu que algumas plantas tivessem um gene específico de suas raízes e folhas redirecionado para capturar presas. De acordo com os pesquisadores, essa é apenas uma das evidências acerca da evolução de espécies que não eram carnívoras, mas ao longo do tempo sofreram essa transformação.
"As plantas carnívoras mudaram ao capturar e consumir animais que eram ricos em nutrientes, permitindo que elas se desenvolvessem em solos pobres em nutrientes", escreveram os especialistas no artigo do periódico Current Biology.
(Fonte: Unsplash)
A evolução das plantas carnívoras foi analisada por um grupo de botânicos e biólogos do mundo todo liderados pelo professor Jörg Schultz, da Universidade de Würzburgo, na Alemanha. Os pesquisadores compararam o genoma (conjunto de genes) e a anatomia de três plantas carnívoras modernas da família Droseraceae que usam seus movimentos para capturar insetos.
A dioneia, também conhecida como apanha-moscas, é uma das carnívoras mais famosas. Sua irmã, a planta de roda d'água, é a única da espécie com flores de aldrovanda. Por fim, a terceira analisada foi a Drosera spatulata, bastante comum na Austrália.
Os cientistas concluíram que a formação e a evolução das plantas carnívoras se deu em três etapas. A primeira foi influenciada por um ancestral não carnívoro que sofreu uma duplicação em seu genoma, gerando uma cópia de seu DNA; por conta disso, os genes das folhas e das raízes acabaram desenvolvendo outras funções — alguns deles, inclusive, transformaram-se em genes que formaram armadilhas posteriores. Os processos de nutrição e absorção dos alimentos, no entanto, vieram a partir de raízes que se alimentavam do solo.
(Fonte: Pixabay)
A segunda etapa ocorreu quando as plantas buscavam receber nutrientes de suas presas, e muitos genes que não estavam envolvidos na "nutrição carnívora" começaram a sumir. Dessa forma, segundo os pesquisadores, as plantas que foram analisadas são "muito pobres em seus genes".
Na terceira etapa de evolução, elas sofreram mudanças em seu ambiente natural, e nesse processo raízes e folhas evoluíram para serem específicas da armadilha. Enquanto isso, os genes das raízes, que serviam para buscar e absorver nutrientes do solo, foram reconfigurados para criar enzimas necessárias para digerir e absorver nutrientes vindos das presas.
Ao fim do estudo, os pesquisadores também perceberam que a maioria das plantas poderia evoluir para se tornar carnívora.