Artes/cultura
06/06/2020 às 12:30•3 min de leitura
De acordo com uma pesquisa apresentada por cientistas do Instituto SETI, as peculiares órbitas de Deimos e Fobos, os dois satélites naturais de Marte, sugerem que, há alguns bilhões de anos, o Planeta Vermelho contava com um sistema de anéis. Já pensou que bacana seria se o nosso vizinho ainda contasse com essa estrutura? Pois, segundo os pesquisadores, tudo indica que ele voltará a ter os adereços um dia.
As duas luas marcianas consistem em objetos bastante irregulares e viajam ao redor do planeta um pouco acima da região equatorial com uma trajetória surpreendentemente circular. Fobos, o maior dos 2 satélites, se encontra muito mais próximo de Marte do que o seu irmão menor, Deimos, e completa uma órbita ao redor de nosso vizinho a cada 7 horas e 40 minutos, mais ou menos.
Olhe a dupla ali!
Já Deimos está entre as menores luas do Sistema Solar, com pouco mais de 12 km de diâmetro, e tem a particularidade de, em vez de estar em um plano perfeitamente alinhado com o equador do Planeta Vermelho, se encontra 2 graus “fora de prumo”. Apesar de essa ser uma esquisitice, segundo os pesquisadores do SETI, nunca ninguém havia se interessado em explorar essa característica orbital de Deimos. Pois, os cientistas do instituto resolveram investigar e, bem... já demos o spoiler, né?
Simulações realizadas há alguns anos revelaram que Fobos, além de orbitar bem mais próximo de Marte do que Deimos, conforme já dissemos, está se acercando cada vez mais do planeta – a uma proporção de quase 2 centímetros por ano. Com isso, a expectativa é de que, com o passar do tempo, o pequeno astro não resista às forças gravitacionais de Marte e acabe se despedaçando. Quando isso ocorrer, dentro de alguns milhões de anos, parte dos destroços deverá cair sobre a superfície marciana. Mas uma parcela dos detritos permanecerá ao redor do nosso vizinho, formando um anel. E é aqui que entra o novo estudo do pessoal do SETI.
Adereços marcianos
Pesquisas anteriores apontaram que o nosso vizinho provavelmente já teve outros satélites no passado que, ao longo do tempo, sofreram o mesmo destino trágico previsto para a pequena Fobos, criando anéis em torno de Marte. Então, com base nesses estudos, o pessoal do SETI – que queria entender a razão de Deimos orbitar em um plano um pouquinho inclinado com relação ao equador de Marte – realizou uma série de novas simulações e cálculos, concluindo que o Planeta Vermelho possivelmente teve uma lua cerca de 20 vezes mais massiva do que Fobos.
Ainda segundo as estimativas do SETI, ao longo de bilhões de anos, esse antigo satélite se desintegrou, produziu um anel de detritos ao redor de Marte – cujo material voltou a se aglomerar, formar uma nova lua, que também se rompeu e se recompôs novamente, dando origem à atual Fobos. Além disso, o estudo aponta que foi a presença dessa lua mais massiva, em conjunto com a influência gravitacional do Planeta Vermelho, que provocou a (ligeira) inclinação na órbita de Deimos.
Que tal, hein?
Assim, Fobos, a lua condenada a virar poeira, seria bastante mais jovem do que Deimos – ela teria por volta de 3,5 bilhões de anos, enquanto a sua irmã mais nova não passaria de 200 milhões de anos, aproximadamente – e Marte, em um passado distante, teria ostentado um anel bem vistoso. E como é que os cientistas pretendem provar essa teoria? Pois a Agência Espacial Japonesa, AXA, tem planos de enviar sondas espaciais aos dois satélites marcianos para coletar amostras dentro de alguns anos e, se essas missões realmente acontecerem, a análise dos exemplares lunares poderá confirmar se o time do SETI tem razão (ou não).
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