Artes/cultura
01/07/2020 às 09:32•2 min de leitura
Um novo artigo publicado na revista Nature pode indicar um enorme e importante avanço nas ciências voltadas ao tratamento de Parkinson. Realizado por pesquisadores da Universidade da Califórnia, em San Diego, o experimento promissor, executado durante décadas de estudos, conseguiu reverter a demência em ratos laboratoriais com a inibição de um único gene, responsável pela produção da proteína PTB.
A partir da utilização de uma placa de Petri, onde ocorreu a primeira etapa do experimento na tentativa de aprimorar o código genético de ratos, foi observado que a proteína PTB, produzida por células em forma de estrela conhecidas como astrócitos, é o grande impedimento para que elas consigam se transformar em neurônios. Após identificado o problema, a inibição da proteína trouxe resultados espetaculares para a equipe, que presenciou uma transformação em massa das células em neurônios funcionais.
“O que descobrimos é que forçar o PTB a desaparecer é o único sinal que uma célula precisa para ativar os genes necessários para produzir um neurônio”, esclareceu o especialista Xiang-Dong Fu, autor do projeto.
A descoberta, então, permitiu aos cientistas saltarem para a segunda etapa dos testes, induzindo Parkinson nos espécimes através da injeção de uma substância capaz de destruir a dopamina, hormônio neurotransmissor indispensável para a atividade normal do cérebro e relativo a várias áreas cognitivas, estimulando o aparecimento da doença em detrimento do enfraquecimento dos neurônios.
(Fonte: OHSU/Reprodução)
Dessa forma, já com os ratos testando positivo para a presença da demência, o DNA com a proteína PTB inibida foi adicionado ao cérebro dos animais, rapidamente transformando os astrócitos em neurônios e recuperando a estabilidade das reações elétricas do sistema nervoso. Após isso, em cerca de 4 meses de tratamento e observações, todos os sintomas de Parkinson foram permanentemente extintos.
“Toda essa nova estratégia para o tratamento da neurodegeneração dá esperança de que seja possível ajudar até mesmo aqueles com doenças avançadas”, comentou o autor do projeto.
Apesar dos resultados satisfatórios e do claro avanço no combate à demência e à sindrome de Parkinson, identificada em 1% da população com mais de 65 anos de idade e já chegando a afetar mais de 6,5 milhões de pessoas, os cientistas ainda veem com cautela as possibilidades do estudo para tratamento em humanos, indicando que novos experimentos deverão ser feitos e conclusões mais concretas precisarão ser atingidas.