Ciência
09/07/2020 às 13:30•2 min de leitura
O campo magnético terrestre consiste em uma espécie de escudo que protege o nosso mundo da ação dos ventos solares e de partículas cósmicas; sendo assim, representa uma estrutura que impede que a perigosa radiação vinda do espaço chegue até nós. Os cientistas sabem que essa barreira (sem a qual a vida como conhecemos provavelmente não existiria na Terra) é produzida pelo movimento do ferro fluído presente no núcleo do planeta, mas nem todos os mecanismos que geram esse vital fenômeno são conhecidos.
De acordo com pesquisadores da Carnegie Science, o tal movimento por trás da geração do campo magnético terrestre é conhecido como geodínamo. Na tentativa de compreender melhor a sua dinâmica e origem, uma equipe internacional de cientistas criou modelos que replicam as condições do centro da Terra e simulações. Os pesquisadores focaram a atenção na presença de elementos mais leves no núcleo de ferro para determinar se eles teriam alguma influência na formação do campo e descobriram que sim.
Complexidades terrestres.
Conforme explicaram os cientistas, o nosso planeta se formou a partir do material presente no disco protoplanetário, composto por gás e poeira cósmica, que envolvia o Sol nos primórdios do Sistema Solar. Esses componentes foram colidindo e se agregando até, eventualmente, darem origem à Terra. Além disso, os materiais mais densos se concentraram no núcleo, enquanto os demais formaram as camadas, segundo sua densidade, que hoje compõem o manto e a crosta terrestres.
Levantamentos sísmicos apontam que, embora o centro da Terra seja constituído principalmente por ferro fluído, existem outros elementos "misturados" em menores quantidades, como enxofre, oxigênio, hidrogênio, carbono e silício — e este último parece ter um papel importante no efeito de geodínamo.
Uma questão que os cientistas tentaram responder foi se apenas o calor emitido pelo núcleo da Terra e que flui pelo manto seria suficiente para produzir o efeito. Os pesquisadores, sabendo que os silicatos são muito abundantes no manto e que o silício é o terceiro elemento mais comum no interior do planeta, vindo apenas depois do ferro e do oxigênio, resolveram apostar nele em suas simulações.
Processo dinâmico e constante.
As modelagens apontaram que quanto menor fosse a propriedade de condução térmica de um elemento, mais baixo seria o limiar necessário para produzir o geodínamo, e que, se o limiar fosse baixo o suficiente, apenas a convecção térmica poderia impulsionar o calor fluindo a partir do núcleo terrestre e gerar o efeito.
Ademais, conforme revelaram as simulações, bastaria uma concentração de mais ou menos 8% de silício no núcleo do planeta para manter a transmissão de calor necessária para sustentar a atividade do geodínamo sempre em funcionamento. E que papel teriam os demais elementos presentes no interior da Terra? Os pesquisadores pretendem ampliar os experimentos para incluir carbono, oxigênio e enxofre e descobrir.