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16/07/2020 às 04:00•3 min de leitura
Pesquisadores da Universidade Estadual da Pensilvânia, nos Estados Unidos, criaram uma nova teoria que poderia ajudar na compreensão da chamada "Teoria de Tudo". De acordo com os físicos americanos, o Universo trabalha com propriedades parecidas com um relógio fundamental, o qual interagiria com os relógios atômicos desenvolvidos na Terra e traria esclarecimentos sobre a nossa compreensão de tempo.
Essa é uma concepção que ajudaria a reconciliar dois pilares da física moderna elaboradas no século 20: a mecânica quântica, que aborda as partículas em escala subatômica, e a Teoria da Relatividade de Albert Einstein, a qual descreve as particularidades dos objetos mais massivos do Espaço.
Dessa forma, os cientistas finalmente poderiam explicar as divergências que consistem na nossa compreensão sobre o tempo e sobre como cada indivíduo pode ter uma interpretação diferente do passar das horas.
Modelo da deformação no espaço-tempo causada pela massa planetária descrito na teoria da relatividade (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Até os dias de hoje, a comunidade científica ainda não alcançou um consenso sobre como descrever o que é o tempo. O físico Martin Bojowald, em entrevista para o portal Live Science, explicou que os seres humanos não conseguem descrever corretamente o sentido do termo, e acabamos por utilizá-lo para descrever as mudanças que ocorrem constantemente no Universo.
Dessa forma, a teoria da mecânica quântica descreveria o tempo como uma medida exata e que ocorre de forma linear, enquanto a teoria da relatividade o denominaria como um fator variante dependendo da perspectiva do objeto. Então, como esses dois conceitos poderiam coexistir?
Na maioria das vezes, essa discrepância não geraria um conflito de interesses. Porém, objetos como os buracos negros — que conservam uma grande quantidade de massa em um curto espaço minúsculo — não poderiam ser explicados sem um conceito pleno como a Teoria de Tudo.
(Fonte: Pixabay/Reprodução)
Segundo o experimento da Universidade da Pensilvânia, existe a possibilidade do Universo ser o gerador de uma nova partícula que aumentaria as interpretações sobre a vida: a partícula do tempo.
Assim como o Bóson de Higgs, — também conhecido como a partícula de Deus — que é descrito como a partícula originária de todos os objetos com massa, também existiria uma partícula descrita como um relógio universal, que aplicaria o conceito de tempo a todos os outros objetos existentes.
Ao modelar esse relógio universal, Bojowald e seus colegas identificaram uma certa divergência entre o período de tempo marcado nestes ponteiros em comparação com os relógios atômicos construídos pelos seres humanos. A falta de sincronia entre essas duas realidades explicaria o porquê de não existir uma precisão na observação do passar das horas.
Os relógios atômicos conseguem medir o tempo em um milionésimo de um bilionésimo de um bilionésimo de um bilionésimo de segundo, o que ainda não seria suficiente para alcançar o cronômetro do relógio universal.
Modelo de colisão atômica chamado de Bóson de Higgs (Fonte: Wikimedia Commons/Reprodução)
Essa seria a primeira vez que uma equipe conseguiu gerar um modelo de análise de um conceito tão abstrato quanto o tempo, o que demonstra a importância do artigo publicado. O estudo publicado no Physical Review Letters abre espaço para resultados concretos sobre a física quântica e outros temas extremamente delicados.
Além disso, a Universidade da Pensilvânia é a primeira a demonstrar que as ferramentas humanas desenvolvidas para a quantificação do tempo ainda não atingiram a escala máxima exigida para o entendimento pleno do conceito de tempo no Universo.
Até hoje, a ciência conseguiu chegar em uma teoria conhecida como Tempo de Planck, ou "velocidade da luz". Essa seria a escala de tempo mínima conhecida pelos seres humanos e que ainda gera debates.
Ao compreender o Universo como um objeto massivo que se expandiu rapidamente, Bojowald acredita que as análises cosmológicas de fenômenos como o Big Bang podem ajudar a comunidade científica a alcançar medidas de tempo ainda inferiores aos dados obtidos nos dias de hoje em uma temática que ainda deve ser centro das atenções de físicos pelos próximos séculos.