Saúde/bem-estar
16/07/2020 às 12:00•2 min de leitura
Num artigo publicado na última quinta-feira (9) no Astrophysical Journal, uma equipe de astrônomos da Universidade Paris-Saclay da França revelou, sobre o Polo Sul do nosso planeta, uma das maiores estruturas cósmicas já descobertas: um paredão de centenas de galáxias com diâmetro de 1,4 bilhão de anos-luz.
Chamada de Muralha do Polo Sul, a gigantesca estrutura sempre esteve lá, mas ainda não havia sido detectada porque grande parte dela fica a meio bilhão de anos-luz, "escondida" atrás da Via Láctea, cujo brilho atrapalha a visão daquela região do espaço. Por isso, ela passou a ser conhecida como "zona de obscurecimento galáctico".
Fonte: Getty Images/Reprodução
Os astrônomos sabem atualmente que as galáxias não estão espalhadas aleatoriamente pelo universo, mas sim agrupadas naquilo que é conhecido como "tela cósmica". Vistas de longe, essas estruturas se combinam e se conectam em filamentos como se fossem uma gigantesca teia de aranha.
O líder da atual pesquisa, o cosmógrafo da Universidade Paris-Saclay Daniel Pomarede já havia feito uma descoberta marcante em 2014: o supercluster de Lanaikea, um imenso aglomerado de galáxias, da qual a nossa Via Láctea faz parte, com uma largura aproximada de 520 milhões de anos-luz e massa de 100 milhões de bilhões de sóis.
Para no novo mapa, a equipe utilizou pesquisas inéditas do céu para enxergar através do véu da Zona de Obscurecimento Galáctico. Para fazer isso, eles analisaram o movimento das galáxias na região, medindo tanto a velocidade com que se afastam da Terra (devido à expansão do universo) quanto à sua movimentação em relação às demais.
Esse método permitiu detectar porções de matéria escura, o material que não emite luz. O resultado foi um mapa tridimensional do espaço que mostra uma impressionante "bolha" mais ou menos centralizada no lado sul do céu, que contém centenas de milhares de galáxias.
O paredão pode, na verdade, ser ainda maior do que o já visto. A equipe reconhece que ainda não conseguiu mapear a estrutura em toda a sua grandeza. Segundo eles, "não saberemos sua extensão total, nem se é incomum, até que possamos mapear o universo em uma escala significativamente maior".