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10/08/2020 às 12:00•2 min de leitura
Há tempos os ecologistas alertam para o risco de surgimento de novas doenças conforme o desmatamento avança em todo o planeta. Agora, um novo estudo mostra a relação direta entre as duas situações: conforme o habitat natural das espécies é degradado, apenas espécies mais fáceis de se adaptar sobrevivem. E elas incluem ratos e morcegos, que podem carregar patógenos capazes de provocar uma nova pandemia.
A University College London analisou mais de 6,8 mil comunidades ecológicas, nos 6 continentes, para conectar o surto de doenças com a perda da biodiversidade. Os resultados foram publicado na revista Nature. “Estamos alertando isso há décadas”, explica Kate Jones, modeladora ecológica e principal autora do estudo. Segundo ela, com a pandemia de covid-19, agora seus esforços estão sob holofotes, a fim de mapear riscos e projetar onde doenças podem surgir. A atual pandemia também mostrou a importância da biodiversidade na transmissão de patógenos.
Outro estudo, publicado em abril por pesquisadores da Universidade de Stanford, nos EUA, mostrou que o desmatamento em Uganda aumentou o contato entre humanos e primatas. Enquanto as pessoas se enfiavam nas florestas em busca de madeira, os animais passaram a frequentar as plantações em busca de alimento.
Desmatamento empurra espécies para áreas mais próximas das cidades
O estudo de Kate Jones tentou entender se a expansão rural aumenta o número de patógenos que podem saltar de animais para humanos. Segundo ela, isso acontece porque a extinção das espécies faz com que poucas sobrevivam – justamente aquelas que hospedam mais patógenos passíveis de contaminação humana.
Jones e sua equipe analisaram dados de diferentes lugares, desde florestas nativas a cidades. Eles descobriram que as populações de espécies hospedeiras de patógenos transmissíveis aos humanos aumentava à medida que a paisagem mudava de natural para urbana. Além disso, a biodiversidade também diminuía nessa mesma direção.
Agora, o próximo passo é compreender a possibilidade de transmissão de doenças. A equipe de Jones já fez algo semelhante com os recentes surtos de ebola, na África, criando mapas de risco com base na presença de espécies hospedeiras, nas tendências de desenvolvimento e em fatores socioeconômicos. Com isso, eles conseguiram determinar com precisão locais de origens de surtos da doença na República Democrática do Congo.
Ainda assim, alguns pesquisadores pedem cautela. O risco de novas pandemias pode fazer com que o processo de desmatamento seja acelerado, por questões econômicos. Além disso, também é preciso compreender como fatores socioeconômicos e culturais podem influenciar na necessidade de criação de novos campos de plantação ou de caça de animais selvagens para consumo humano.
Desmatamento e extinções aumentam o risco de novas pandemias via TecMundo