Artes/cultura
24/08/2020 às 14:30•2 min de leitura
O mundo conheceu o infectologista Anthony Fauci quando ele se postou ao lado do presidente americano Donald Trump. Infelizmente, o infectologista que está liderando a batalha contra o novo coronavírus nos EUA tem duas más notícias: além de ser provavelmente impossível erradicar o vírus SARS-CoV-2, doenças que se pensavam estarem próximas à eliminação da face da Terra estão voltando, e com força total (acima, o vírus da febre hemorrágica de Marburg).
Chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas dos Estados Unidos (NIAID), Fauci e mais o conselheiro da instituição e também imunologista David M Morens criaram um mapa com as doenças que o mundo atualmente enfrenta, dentro de um estudo que ambos publicaram na revista Cell.
Além de novas enfermidades, o mapa mostra que as antigas (como cólera, sarampo, catapota, ebola e difteria, entre outras) estão ressurgindo com força por todo o planeta. Há ainda doenças pouco conhecidas, como aquelas provocadas pelos vírus Akhmeta, Hendra e Bourbon, além de inúmeras cepas da gripe influenza, que continua a criar linhagens novas rapidamente.
Doenças novas e velhas - todas à espera para tomar o planeta com força total.
O estudo aponta uma verdade inconveniente: a maior parte das doenças retratadas é composta pelas chamadas zoonóticas, ou seja, aquelas que pularam a linha evolucionária entre os hospedeiros animais e o ser humano. Isso acontece quando os ambientes naturais são invadidos e destruídos, o que faz com que o vírus deixe o animal e passe a infectar pessoas (como a covid-19).
Outros agentes infecciosos (como o da influenza), por conta da globalização, poderão sofrer mutações ao trocar genes com outros vírus, dando origem a novas cepas e tornado-se mais letais e mais virulentos. Segundo os dois autores, é mais que possível que vírus hoje relativamente inofensivos (como o do resfriado comum) já tenham sigo responsáveis por epidemias mortais no passado.
Os dois imunologistas, porém, alertam que nem sempre um vírus se torna menos letal ou domesticado; mesmo que isso aconteça, demanda mais que o tempo de vida do ser humano.
Testes clínicos na República Democrática do Congo levaram à vacina contra o Ebola.
O mapa ainda considera as doenças provocadas, como o uso do antraz pelo bioterrorismo (indicada no mapa como “doença deliberadamente emergente”). Alguns vírus que assombraram a humanidade até recentemente já tem uma vacina: no caso do ebola, ela reduziu sua taxa de mortalidade de 90% para 6%.
Outras doenças, como a gonorreia, voltaram a preocupar, mesmo não sendo letais: as bactérias que a causam estão se tornando resistentes a quaisquer antibióticos.
Pesquisadores têm alertado o mundo sobre a próxima pandemia, e o mapa envia um recado bem claro: não há trégua nessa guerra. Se a humanidade vinha experimentando uma pandemia a cada 20 anos no último século, a última (da gripe H1N1) correu o planeta há dez anos.
Uma vendedora expõe um macaco junto com outros cortes de carne silvestre em um mercado em Mbandaka, no Congo.
“A ciência nos dará medicamentos, vacinas e diagnósticos, mas não há razão para pensar que só isso poderá superar a ameaça das doenças infecciosas. O surgimento da covid-19 é um dos alertas mais intensos que recebemos, em mais de um século. Devemos começar a pensar sobre como viver em harmonia com a natureza, ao mesmo tempo em que nos preparamos para quaisquer surpresas inevitáveis que ela possa nos mandar”, escreveram os autores.
Mapa indica as novas e velhas doenças que ameaçam o planeta via TecMundo