Novo estudo mostra como 'controladores de elite' podem curar o HIV

05/09/2020 às 06:002 min de leitura

Entre uma multidão de mais de 37 milhões de pessoas com HIV no mundo, algumas possuem uma capacidade aparentemente milagrosa de controlar a doença sem utilizar medicamentos antirretrovirais (ARV) por toda a vida ou os arriscados transplantes de medula óssea.

Um novo estudo publicado na revista científica Nature afirma que, em menos de 0,5% das pessoas com HIV, o vírus para de se replicar mesmo continuando latente no corpo. A pesquisa foi liderada pelo imunologista Xu Yu, do Instituto Ragon do Hospital Geral de Massachusetts nos Estados Unidos. 

Depois de analisar bilhões das chamadas células mononucleares do sangue periférico de 64 controladores de elite e 41 indivíduos em uso de ARV, os cientistas encontraram sequências escassas de DNA do vírus HIV

O funcionamento do HIV

Uma célula T azul e verde, infectada pelo HIV em amarelo (Fonte: NIAID/Reprodução)Uma célula T azul e verde, infectada pelo HIV em amarelo (Fonte: NIAID/Reprodução)

Quando uma pessoa é infectada, os retrovírus HIV se escondem dentros dos genes humanos, onde colocam cópias do seu material genético que funciona como um tipo de "reserva viral" mesmo se a pessoa tomar ARV. Logo, uma cópia completa do vírus se incorpora ao genoma de uma célula que começa a replicar cópias do HIV.

Isso acontece para a maioria dos portadores de HIV, quando param de tomar os ARV. Mas, no caso dos controladores de elite, os seus sistemas imunológicos utilizam uma resposta imune mediada por células T (destruidoras de células infectadas), para controlar os retrovírus sem medicação.

Um caso de cura?

Loreen Willenberg (Fonte: Diário do Estado)Loreen Willenberg (Fonte: Diário do Estado)

Entre os voluntários que participaram do estudo, uma paciente chamada Loreen Willenberg de 66 anos chamou a atenção dos cientistas. Diagnosticada com HIV positivo em 1992, essa mulher nunca usou qualquer tipo de ARV, participa de estudos do HIV por mais de 25 anos e o vírus praticamente não foi detectado nos exames dela. 

Loreen, que pode ser considerada "curada" segundo o novo estudo, disse ao site Live Science: "Se houvesse uma forma de esse estado único de controle natural da infecção ser compreendido e então traduzido para indivíduos que não controlam espontaneamente o HIV, é o que eu faria".

Para os cientistas, o verdadeiro desafio continua sendo como intervir para que as descobertas sejam úteis para a maioria das pessoas com HIV.

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