Artes/cultura
14/09/2020 às 08:00•2 min de leitura
Através de observações realizadas pelo Telescópio Espacial Hubble, da NASA, e pelo Very Large Telescope, no Chile, cientistas detectaram uma presença anormal de matéria escura em algumas galáxias, configurando um excesso de matéria adicional em relação a pesquisas e simulações realizadas anteriormente. O caso passou a intrigar o grupo de cientistas, que acredita ter chegado a uma discrepância capaz de mudar completamente o conhecimento sobre o fenômeno.
Segundo os especialistas, a detecção de uma quantidade anormal de matéria escura contrariou os principais modelos teóricos que estavam sendo utilizados como base e referência para a compreensão do fenômeno.
"Há uma característica do Universo real que simplesmente não estamos capturando em nossos modelos teóricos atuais. Isso pode sinalizar uma lacuna em nossa atual compreensão da natureza da matéria escura e suas propriedades, visto que esses dados incomuns nos permitiram sondar a distribuição detalhada da matéria escura em escalas menores", disse Priyamvada Natarajan, da Universidade de Yale, em Connecticut.
(Fonte: Nasa/Reprodução)
O estudo, publicado na Science, foi realizado a partir da observação de 11 aglomerados de galáxias — também conhecidos como clusters — que configuram como os maiores repositórios de matéria escura do Universo, distribuídas entre escalas maiores e menores. "Os aglomerados de galáxias são laboratórios ideais para entender se as simulações de computador do Universo reproduzem de forma confiável o que podemos inferir sobre a matéria escura e sua interação com a matéria luminosa", disse o autor sênior do estudo, Massimo Meneghetti, do Instituto Nacional de Astrofísica.
Dificilmente detectada, especialmente por não absorver ou emitir quaisquer tipos de radiação eletromagnética, a matéria escura foi mapeada através de lentes gravitacionais, recurso capaz de observar campos gravitacionais e suas distorções. Atualmente, o conhecimento da matéria escura coloca a gravidade como principal objeto de interação do fenômeno, curvando o espaço-tempo nos clusters e podendo ser observado através da curvatura da luz.
As observações espectroscópicas de acompanhamento permitiram, por meio de cálculos de deslocamento luminoso, a identificação de dezenas de imagens múltiplas de aglomerados e de fortes distorções gravitacionais, indicando uma presença maior de matéria escura do que havia sido apresentado nas simulações anteriores.
A lacuna sobre o mistério do excesso da matéria escura será o ponto de partida para a realização de novos estudos.