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24/09/2020 às 15:00•3 min de leitura
A origem exata do sabão é meio confusa e incerta. Durante uma escavação nas terras onde se estabeleceu a antiga Babilônia foram encontrados indícios de que os povos babilônios produziam uma substância similar por volta de 2800 a.C., feita com gorduras fervidas e cinzas e usada para limpar lã e algodão na fabricação de têxteis. Pesquisadores também conseguiram determinar que o sabão foi um componente medicinal no combate a doenças por pelo menos 5 mil anos.
Cozinhando ácidos graxos, como a gordura de vacas ou cabras, com água e soda cáustica, uma mistura derivada das cinzas de madeira, os antigos mesopotâmios conseguiram produzir uma gosma gordurosa que fedia muito e era destinada para a mesma função que a dos babilônios. No Papiro Ebers, um dos tratados médicos mais antigos e relevantes da história, consta que por volta de 1550 a.C. egípcios já misturavam óleos animais e vegetais com sais alcalinos para produzir uma paste que depois de seca servia para limpeza.
Acredita-se que os romanos foram os primeiros a fazerem o sabão, no século I, por meio da combinação de urina e sebo de cabra com cinzas de faia. Por volta de 77, o naturalista romano Plínio, o Velho, mencionou em seu livro Naturalis Historia uma pomada feita de sebo de madeira derivada da gordura da carne e misturada com cinzas que era aplicada nos cabelos para dar uma tonalidade avermelhada.
Uma fábrica de sabão foi descoberta nas ruínas de Pompeia após a cidade ser destruída pela erupção do lendário Vesúvio, o que sugere que o produto era amplamente conhecido no Império Romano.
Acredita-se que a palavra sabão tenha nascido com os celtas, pois foram os primeiros a batizar um produto feito com gordura animal, cinzas e plantas, o qual chamaram de saipo. Existem histórias de que o nome veio após uma descoberta no Monte Sapo, uma montanha provavelmente fictícia citada em um conto romano de acordo com o qual a gordura do corpo de animais sacrificados no local escorria para o rio logo abaixo; com o tempo, os povos perceberam que os itens lavados naquelas águas ficavam mais limpos.
Ainda que o sabonete tenha se tornado popular para higiene pessoal nos últimos séculos da Era Romana, marcada pelos famosos banhos públicos, a história deu um passo para trás entre 1500 e 1700. Na época, muitos povos, principalmente os europeus, abandonaram o hábito de tomar banho devido ao nível de insalubridade da água, que mais propagava doenças do que limpava.
Em meados de 1775, há registros de mulheres pobres das antigas colônias que costumavam armazenar gordura do açougue, graxa da cozinha e cinzas de madeira durante o inverno. Quando chegava a primavera, elas faziam soda cáustica com as cinzas e a ferviam com a gordura e a graxa em um caldeirão. Depois de seca e fracionada, essa substância virava uma espécie de sabão em pedra macio, apesar de fedido, que elas usavam para lavar as camisas de linho que os colonos usavam como peças íntimas.
Só no fim do século 17 os europeus readquiriram o hábito de tomar banho. Com isso, perceberam que uma boa higiene pessoal reduzia a propagação de doenças, portanto a demanda por sabão aumentou. Até 1791, muitas taxas eram colocadas em um pequeno pedaço de sabão devido à dificuldade de confecção, por isso a maioria da população não tinha acesso ao produto, o que inviabilizava um padrão linear de comportamento higiênico.
Isso só mudou quando o químico francês Nicolas Leblanc patenteou um processo que transformava carbonato de sódio em uma substância alcalina que combinada com gordura formava o sabão. Com o passar dos anos, esse avanço permitiu que em 1850 acontecesse a fabricação em massa do produto junto aos avanços das fábricas na América do Norte.
Em 1879, a Procter & Gamble (P&G) lançou o Ivory, um dos primeiros sabonetes perfumados da USBJ Johnson Soap Company. Após mais de 2 décadas de experimentos laboratoriais, a empresa chegou a uma mistura de óleo de coco e palma importada com óleo de algodão produzido internamente que levou à descoberta de gorduras hidrogenadas.
Em 1900 foi lançado o sabonete Palmolive, um dos mais vendidos do mundo. A sua base de gorduras sólidas de origem vegetal fez com que o sabão se tornasse menos dependente de subprodutos de derivação animal.
O período de 1914 a 1939, durante as duas grandes Guerras Mundiais, foi marcado pela escassez de gorduras e óleos animais e vegetais usados na fabricação de sabão, uma vez que o produto se tornou o elemento principal para ajudar a limpar os ferimentos de soldados e vítimas dos conflitos.
A indústria ainda não estava preparada para esse tipo de fabricação em massa e em tão pouco tempo, então o produto parou de chegar a todos os lugares. A solução que os químicos encontraram para que o mercado não entrasse em colapso total foi usar outras obras-primas e as submeter a um processo de sintetização. Cientistas alemães criaram um tipo de sabão a partir de derivados do petróleo que era mais fácil de ser produzido; foi assim que nasceram os detergentes que conhecemos hoje.
Os sabões comercializados atualmente têm aditivos químicos que hidratam, conferem aromas, têm propriedades condicionadoras e são o principal aliado no combate aos microrganismos. No cenário pandêmico que o mundo enfrenta, o seu significado comum no cotidiano de bilhares de pessoas adquiriu um caráter de salvação.