Saara: o maior deserto do mundo pode ficar cheio de vida novamente

03/10/2020 às 06:002 min de leitura

O Saara é o maior deserto quente do mundo, de modo que até existe vida por lá, mas há muito pouca vegetação e praticamente nada de água. Mas você já imaginou que, ao invés disso, essa região da África poderia ser uma grande planície coberta por grama e arbustos, habitada por animais como elefantes e hipopótamos?

Parece impossível, mas isso já aconteceu há alguns milhares de anos. Tudo por causa da inclinação da Terra, que era de 24,1° em vez dos 23,5° atuais. Essa pequena variação fez com que o hemisfério norte — onde o Saara está localizado — ficasse mais quente nos meses de verão. Esse calor criava um sistema de baixa pressão que trazia uma corrente de ar úmido do Atlântico para a região onde hoje fica o deserto

Com mais água, era possível que a região fosse verde, com gramas, arbustos e criações de animais por humanos na região — mais ou menos como as estepes da Ásia central ou os pampas gaúchos. Mas, depois que a inclinação da Terra mudou, levou menos de dois séculos para que ele se tornasse o deserto seco que é hoje. 

Um belo gramado para curtir uma sombra debaixo das árvores (Fonte: Wikimedia Commons)
Um belo gramado para curtir uma sombra debaixo das árvores (Fonte: Wikimedia Commons)

E como a inclinação da Terra mudou?

Os cientistas explicam que a inclinação de planetas pode mudar periodicamente, por conta de suas relações com outros corpos celestes com maior gravidade e ou com seus satélites. No nosso caso, na Terra, esse tipo de oscilação ocorre a cada 23 mil anos, de modo que o planeta vai voltar à inclinação que gerou o “Saara Verde”. Ou seja, é bem provável que esse fenômeno aconteça novamente. 

A inclinação da Terra está em 23,5º, mas muda para 24,1º a cada 23 mil anos (Fonte: Wikimedia Commons)
A inclinação da Terra está em 23,5º, mas muda para 24,1º a cada 23 mil anos (Fonte: Wikimedia Commons)

A grande dúvida que os cientistas têm, nesse sentido, é se as emissões de gases do efeito estufa e as mudanças climáticas causadas por eles podem evitar o retorno do “Saara Verde”. Em contrapartida, os cientistas calcularam que o fenômeno tem ocorrido periodicamente há 23 milhões de anos, pelo menos, sem deixar de acontecer mesmo em outras épocas com altos índices de dióxido de carbono na atmosfera. 

Isso quer dizer que, mesmo que os seres humanos continuem emitindo gases poluentes, a Terra vai dar seu jeito de deixar o Saara cheio de plantas e vida novamente. A questão é que isso vai demorar um pouco para acontecer: a próxima oscilação está prevista para daqui a 10 ou 15 mil anos, aproximadamente. 

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