Artes/cultura
04/10/2020 às 11:00•2 min de leitura
No México, um grupo de pesquisadores encontraram girinos da espécie Tripion petasatus se alimentando da rã Smilisca baudinii. A curiosa descoberta foi divulgada em um artigo publicado no Herpetological Review.
Naturalmente, estes anfíbios costumam se alimentar de algas, invertebrados, ovos e até mesmo outras larvas. Contudo, a escassez de alimentos parece ter levado as pequenas criaturas a comerem sapos adultos.
Os pesquisadores da Reserva da Biosfera de Calakmul observaram o comportamento após encontrarem o corpo de uma rã morta sendo roído lentamente por um girino em um dos tanques artificiais.
Esses ambientes controlados foram criados para preservar a população de anfíbios da Península de Yucatán, pois nos últimos anos, os reservatórios temporários têm diminuído e, com isso, o ciclo inicial da vida de sapos e rãs está ficando mais complicado.
Portanto, com menos fontes de alimentos, espécies como o T. petasatus passam a praticar canibalismo e se alimentar de outros larvas iguais. Entretanto, os especialistas não esperavam que eles fossem tão “ousados” a ponto de comer adultos de outra espécie.
O artigo destaca que os nutrientes consumidos no início da vida têm grande influência no crescimento dos anfíbios. Assim, uma dieta bem nutritiva colabora para que eles se desenvolvam mais rápido e deixem de ser indefesos.
Então, os pesquisadores definem que o comportamento do T. petasatus não está apenas relacionado à falta de alimentos, mas talvez seja também um esforço para acelerar o crescimento ao ingerir algo mais nutritivo.
“Serem alimentadores oportunistas reduz a quantidade de tempo gasto no estágio larval vulnerável. Essa é uma informação extremamente útil sobre a sobrevivência e relação predador-presa”, explicou o pesquisador Alexandros Theodorou.
A descoberta dos especialistas da Reserva da Biosfera de Calakmul é o primeiro registro de um girino se alimentando de um sapo adulto de outra espécie. Com isso, ainda há muito o que se descobrir sobre os anfíbios.
“Devido ao estilo de vida enigmático, a herpetofauna é frequentemente esquecida. Nosso conhecimento sobre a maior parte do desenvolvimento básico deles ainda é limitado. Cada informação ajuda a preencher nosso mosaico sobre a natureza”, afirmou Theodorou.