Ciência
30/10/2020 às 12:00•2 min de leitura
A Groenlândia está derretendo dia a dia, e de forma rápida. A velocidade do processo está remodelando totalmente a costa da enorme ilha, com reflexos profundos em todos os ecossistemas humanos e animais que lá vivem.
Uma pesquisa publicada na terça-feira (27) no Journal of Geophysical Research: Earth Surface mostrou que o recuo das geleiras na Groenlândia está mudando a forma como elas fluem e os locais onde são despejadas no mar. Essas mudanças podem se refletir futuramente numa possível aceleração do derretimento.
Liderado pela pesquisadora Twila Moon, do National Snow and Ice Data Center, o estudo apresenta uma visão detalhada das alterações físicas observadas em 225 das geleiras que terminam no oceano da Groenlândia, como se fossem “dedos estreitos de gelo” que fluem do manto gelado diretamente para dentro do mar.
Utilizando dados obtidos de imagens de satélites, os pesquisadores avaliaram dois fenômenos: a velocidade com que a camada de gelo está se movendo e o local onde as geleiras terminam a sua descida. Descobriram que, quando uma geleira recua, o final da “jornada” não está sendo mais o vale inferior, como ocorria anteriormente.
À medida que as geleiras fluem em direção ao mar, o que fazem de uma forma tão lenta que é imperceptível a olho nu, elas recebem nevascas que vêm do interior do manto, que se transforma em mais gelo. Algumas chegam a avançar além da costa e simplesmente se partem como icebergs.
Essas mudanças no equilíbrio entre o derretimento e o “reabastecimento” de gelo nas geleiras tem ocorrido em virtude da elevação da temperatura atmosférica e oceânica, que tem precipitado inclusive essas formações de icebergs.
No decorrer do tempo, a frente de uma geleira pode tanto avançar como recuar em função da quantidade de gelo. O que a nova pesquisa mostrou foi que nenhuma das 225 geleiras observadas avançou substancialmente desde o ano 2000, enquanto 200 recuaram.
Num comunicado à imprensa um dos autores do estudo, Alex Gardner, da NASA, afirma que compreender a complexidade da resposta de cada geleira é fundamental para fazer projeções sobre a mudança do manto de gelo e da consequente elevação do nível do mar “que chegará às nossas costas”.