Saúde/bem-estar
04/11/2020 às 05:00•2 min de leitura
Segundo artigo originalmente publicado no The Astrophysical Journal Letters, o buraco negro supermassivo estacionado no centro da Via Láctea é mais “introvertido” do que o restante de sua família e move-se em uma velocidade menor do que 10% da velocidade da luz. O descompasso matemático sugere que o objeto espacial gira muito mais devagar do que os outros buracos negros de proporções similares.
Inicialmente, o buraco negro supermassivo conhecido como Sagitário A* era uma fonte de rádio astronômica que emitia um brilho incomum no centro do Sistema Solar. Descoberto em 1931, o fenômeno ganhou uma reviravolta apenas em 2002, quando cientistas foram capazes de descobrir sua massa, uma das três características primordiais do objeto (massa, carga e rotação), sendo equivalente a 4 milhões de massas solares.
Os novos estudos tiveram como base a presença das estrelas S que se acumulam ao redor do buraco negro e são capazes de acelerar a velocidades assustadoras enquanto giram em órbitas estreitas, parcialmente presas ao eixo de Sagitário A*. Porém, diferentemente do cálculo da massa, que é aparentemente simples de ser realizado, compreender a rotação dos objetos supermassivos não é tão fácil quanto.
A detecção do giro lento foi possível logo após estudos sobre os planos de distribuição das estrelas S, que surpreendentemente não tinham sua organização impactada pela força gravitacional do buraco negro. Segundo os cientistas responsáveis pelo artigo, maiores velocidades resultam no desalinhamento no lançamento de matéria espacial e na consequente “bagunça” na distribuição das estrelas S, algo que não foi observado no em Sagitário A*.
A expectativa dos pesquisadores era detectar qualquer tipo de influência que o buraco negro pudesse ter nos objetos menores localizados ao seu redor. Pesando mais de 4 milhões de massas solares, tal carga parece ser ineficiente para impactar na órbita das estrelas periféricas, levando-os à conclusão de que a lentidão da rotação seria a responsável por permitir que o sistema estivesse sempre se organizando.
“Concluímos que o buraco negro supermassivo no centro de nossa galáxia está girando lentamente”, concluiu Giacomo Fragione, um dos autores do projeto. “Isso pode ter implicações importantes para a detectabilidade da atividade no centro de nossa galáxia.”