Fósseis do dinossauro bico-de-pato na África surpreendem cientistas

11/11/2020 às 03:002 min de leitura

Um estudo publicado no início deste mês (2) na revista científica Cretaceous Research revelou um achado histórico: um grupo de cientistas trabalhando no Marrocos encontrou os primeiros fósseis de um dinossauro bico-de-pato já descoberto na África. Os fósseis podem comprovar uma teoria de que esses animais cruzaram o oceano para chegar àquele continente.

De acordo com a pesquisa, os restos biológicos do dinossauro, também conhecido como hadrossauro (Ajnabia odysseus), foram encontradas em rochas de uma mina marroquina datadas do final do período Cretáceo, ocorrido há cerca de 66 milhões de anos.

Diferentemente dos demais bico-de-pato herbívoros, que chegavam a atingir 15 metros de comprimento, o espécime agora descoberto era menor, com cerca de três metros. No final do Cretáceo, o continente africano não passava de uma grande ilha com águas profundas ao redor.

Fonte: Nick Longrich/Divulgação
Fonte: Nick Longrich/Divulgação

Fora do lugar

Isso chamou a atenção dos cientistas pois o local onde esses animais originalmente se desenvolveram, a Laurásia, no Hemisfério Norte, é do lado oposto do local onde foram encontrados.  Como a África era completamente isolada, o dinossauro estava “fora do lugar, como encontrar um canguru na Escócia”, disse o pesquisador sênior Nicholas Longrich, da Universidade de Bath, no Reino Unido.

Analisando os dentes e maxilares característicos desse exemplar de Ajnabia, os pesquisadores descobriram que ele pertencia à subfamília Lambeosaurinae, um tipo de bicos-de-pato que ostentava uma crista óssea na cabeça.

Fonte: Nick Longrich/Divulgação
Movimentação dos dinossauros (Fonte: Nick Longrich/Divulgação)

Indo a pé para a África

Esses dinossauros evoluíram originalmente na América do Norte e se espalharam por alguma espécie de “ponte de terra” para a Ásia, de onde chegaram à Europa. Para chegar à África, no entanto, só podem ter ido nadando ou flutuando por centenas de quilômetros de mar aberto.

A teoria da dispersão oceânica, que desempenhou um papel importante na estruturação das faunas terrestres de dinossauros do Mesozóico, ainda não havia sido confirmada por nenhum estudo. 

A localização dos fósseis parece comprovar essas movimentações, pois, como brinca Longrich, “era impossível ir a pé para a África”. Depois que a deriva continental dividiu os continentes, esses dinossauros evoluíram muito e, como a África foi isolado pelos oceanos, a única maneira de chegar lá era por água.

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