Tesouros do Egito Antigo tinham prata 'falsificada', diz estudo

22/12/2020 às 07:002 min de leitura

Uma pesquisa a ser publicada na edição de janeiro de 2021 da revista Journal of Archaeological Science revelou um fenômeno incomum sobre as peças de prata que eram utilizadas como meio de pagamento no Oriente Médio, durante os períodos da Idade do Bronze e do Ferro (entre 1950 a.C a 586 a.C.):  os lingotes de metal, usados durante dois séculos e meio, não eram de prata, mas de uma liga com cobre.

A descoberta foi feita pela arqueóloga Tzilla Eshel, autora-líder da pesquisa, quando fazia seu doutorado na Universidade de Haifa, em Israel, após estudar a composição química de 35 tesouros de prata encontrados em sítios arqueológicos ao redor do país.

Fonte: Beth Shean Expedition/Reprodução
Lingotes de cobre com uma cobertura de prata (Fonte: Beth Shean Expedition/Reprodução)

Eshel afirmou ao site Live Science que essa prática de “batizar” a prata utilizada para cunhar moedas pode ter sido causado por uma escassez do metal em Canaã, durante um período aproximado entre 1200 a.C. e 950 a.C. A arqueóloga entende que tudo pode ter começado como uma imitação ou falsificação que acabou se tornando uma convenção com o tempo. 

Metodologia da pesquisa

A equipe estudou oito tesouros, dos quais 86 itens foram submetidos a análises químicas com o uso de isótopos de chumbo. Para os pesquisadores, durante a decadência dos reinos mais poderosos da região, a prata foi deliberadamente misturada a ligas de cobre, mais baratas, com um folheado na superfície para parecer prata pura.

Fonte: Ivgeni Ostrovski/Israel Antiquities Authority/Reprodução
Jóias de prata quebradas (Fonte: Ivgeni Ostrovski/Israel Antiquities Authority/Reprodução)

Apesar do brilho, no entanto, as ligas continham altos percentuais de cobre, que chegava a atingir 80% da mistura. As ligas de prata e cobre mantinham a cor prateada através de dois métodos: uma cobertura de prata sobre um núcleo de cobre, ou adicionando-se arsênico e antimônio à liga.

Para justificar a hipótese de que esse tipo de adulteração, atribuída aos conquistadores do Egito Antigo, tenha se tornado uma prática comum à época, Eshel afirma que não acha possível “que você possa produzir minérios de prata-cobre-arsênico por mais de 250 anos e que ninguém notaria”, principalmente pela presença marcante do azinhavre, uma camada verde que se forma com a oxidação do cobre.

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