Estilo de vida
23/12/2020 às 13:00•2 min de leitura
Descobrir os lugares históricos pelos quais Jesus Cristo passou é uma das missões dos arqueólogos. Curiosamente, foi um grupo de freiras que teria encontrado a casa onde o Profeta nasceu e passou boa parte de sua infância. Isso teria acontecido na década de 1880, mas apenas em 2006 o local passou a ser investigado por arqueólogos profissionais, que acreditam realmente se tratar da casa na qual Jesus morou.
A história voltou a ser comentada no final de 2020 porque o arqueólogo Ken Dark acaba de lançar um livro sobre o assunto. “Convento das Irmãs de Nazaré” traz a história de como essas mulheres conseguiram manter segredo de sua descoberta por tanto tempo, além de mostrar a provavel única equipe totalmente feminina da arqueologia do século XIX.
A tal construção fica em uma encosta rochosa e realmente data do início do século I, na época em que Jesus viveu. Porém, apenas séculos mais tarde o local passou a ser reconhecido como a casa de Jesus, por isso a certificação de sua veracidade ainda é contestada. As escavações foram comandadas pela madre superiora Mère Giraud, antes de as novas construções do convento destruíssem o local. Ou seja, a freira teria sido uma das pioneiras das escavações de resgate, no qual o local é investigado e resguardado antes que novas instalações acabem com registros históricos.
As freiras mantiveram registros detalhados das escavações. No local foi erguida a Igreja da Nutrição, por volta do século IV. Inicialmente, ela era apenas no interior da caverna, posteriormente ampliando para construções externas. Uma peregrina da época, chamada Egeria, escreveu sobre o local, descrevendo-o como “a caverna grande e esplêndida na qual Ela viveu”, em uma referência à Virgem Maria. A mulher inclusive fala que o altar foi construído no lugar de onde Maria teria tirado água.
Por isso, os construtores da igreja do século IV tiveram um cuidado especial com todas essas construções anteriores, incluindo uma cripta onde supostamente teria sido enterrado São José, o pai de Jesus. Uma ossada foi encontrada dentro do túmulo, reforçando a teoria e os cuidados com o local. Infelizmente, inúmeras guerras ao longo dos séculos testaram a força da igreja.
Em 1099, os cavaleiros cruzados reconquistaram Nazaré e reconstruíram a Igreja da Nutrição, investindo muito dinheiro para isso – e olha que o exército estava passando por necessidades! Quase 2 séculos depois, em 1187, foi a vez do exército muçulmano tomar a cidade, que passou por diversas mãos ao longo da história.
Por volta dessa época, a casa foi selada às pressas. As freiras acreditam que essa foi uma tentativa de preservar o local, que estava no centro das guerras cruzadas. Inclusive, a igreja foi incendiada durante esse período, mas a suposta moradia de Jesus de Nazaré permaneceu intacta até a redescoberta pelas freiras, no século XIX.
O convento das Irmãs de Nazaré foi erguido e passou a proteger o local sagrado. Hoje em dia, são poucas as freiras dessa congregação, mas elas têm um amplo trabalho social. As religiosas também guardam e cuidam de artefatos achados nas escavações, ainda que muitos tenham se perdido. O local passou a ser um roteiro de peregrinos e curiosos de todo o mundo.