Estilo de vida
28/12/2020 às 15:00•2 min de leitura
Na maioria dos sistemas políticos, um fetiche que passa pela cabeça dos ocupantes do poder é a eliminação das pessoas que pensam diferente. Só que algumas vezes na História isso ocorreu de forma literal. Quando foi secretário-geral do Partido Comunista da União Soviética em 1936, Josef Stalin ordenou um Grande Expurgo, que matou dois terços dos membros do próprio partido.
Para conduzir esse tipo de estratégia, o governante necessita de carrascos eficientes, e o que mais assusta é que sempre existem postulantes à função. Um deles, Vasily Blokhin ingressou no Partido Comunista em 1921, sendo nomeado para um divisão da NKVD, a temível polícia política de Stalin.
Em agosto de 1924, Blokhin realizou sua primeira execução, na prisão Lubianka, em Moscou, em uma estratégia que Stalin chamava de “chernaya rabota” (trabalho sujo), que consistia em intimidações, torturas e assassinatos clandestinos de opositores ao regime.
Em março de 1940, chega à NKVD uma ordem secreta de Stalin: exterminar mais de 22 mil soldados, escritores, burocratas, policiais e políticos enviados à floresta Katyn, capturados após a invasão da Polônia em setembro de 1939. Blokhin é escolhido para organizar e executar o massacre, o que faz em escala industrial.
Ele cumpre a “tarefa” com pistolas Walther alemãs por três motivos: as pistolas Tokarev TT-30 russas não suportariam o ritmo de 300 execuções por noite (meta estabelecida pela NKVD), o recuo da arma alemã seria mais confortável para os carrascos e, finalmente, se os milhares de corpos fossem descobertos, o que efetivamente ocorreu, eles atribuiriam a culpa à Gestapo alemã.
Após 28 dias de trabalho árduo, com exceção de algumas centenas de prisioneiros, todos os demais foram executados e enterrados em valas comuns. Confirmando ter atirado pessoalmente em 7 mil pessoas, Blokhin recebeu um pequeno aumento, um gramofone e a Ordem da Bandeira Vermelha, uma alta condecoração militar.
A decadência de Stalin também marcou a queda de Blokhin. Privado de sua posição e honrarias, ele abandonou seu estilo bem-humorado e tranquilo, até tirar a própria vida aos 60 anos. Seu nome só foi lembrado em 2010, quando a Rússia reconheceu sua culpa no massacre de Katyn, o que garantiu ao russo a inclusão no livro Guinness como o carrasco mais produtivo de todos os tempos.