Ciência
15/02/2021 às 13:13•2 min de leitura
Sergei Konstantinovich Krikalev ficou conhecido mundialmente como “o último cidadão soviético” porque, enquanto se encontrava a bordo da estação espacial Mir durante os anos de 1991, o país que o havia enviado ao espaço, a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas, simplesmente acabou, deixando o jovem astronauta sem rumo.
A 350 quilômetros da Terra, Krikalev recebia notícias dos conflitos que agitavam a Praça Vermelha de Moscou: tanques avançavam pela rua Tverskaya e pessoas construíam barricadas nas pontes. Enquanto Mikhail Gorbachev assumia o poder na Rússia e a União Soviética se esfacelava em 15 países distintos, o astronauta da antiga Leningrado recebia a notícia de que não poderia voltar para casa.
Em 19 de maio de 1991, Krikalev, então com 33 anos, decolou a bordo da missão Soyuz TM-12, como engenheiro de voo, em direção à estação espacial Mir, para uma missão de cinco meses, junto com seu comandante Anatoli Artsebarsky e a cosmonauta britânica Helen Sharman, que se tornou a primeira britânica a ir ao espaço e primeira turista espacial da história.
Sharman retornou no dia 26 de maio, junto com os astronautas Viktor Afanasyev e Musa Manarov, que já se encontravam na Mir há quatro meses, lá deixando Krikalev e Artsebarsky. Os dois souberam pelo rádio do golpe de estado ocorrido em agosto e não entenderam nada. Só temiam como o fato poderia afetar a indústria aeroespacial.
No início de outubro de 1991, uma outra missão já agendada anteriormente, a Soyuz TM-13, chegou à Mir com dois astronautas russos e um austríaco. Ao retornar, foi possível “dar uma carona” para Anatoli Artsebarsky, ficando na Mir apenas o devotado Krikalev.
Ele poderia, na verdade, ter retornado à Terra também, porque havia uma cápsula de reentrada VBK-Raduga a bordo do laboratório espacial, projetada para trazer materiais através da atmosfera terrestre. Porém, Krikalev não quis usar o artefato porque isso significaria o fim da Mir sem ninguém para operá-la. A Mir só foi desativada em 2001.
Após 311 dias de permanência no espaço, Sergei Krikalev conseguiu retornar após a Alemanha concordar em pagar US$ 24 milhões (R$ 129 milhões) por uma passagem vendida então pela Rússia para resolver os problemas econômicos do país. Foi assim que Krikalev foi substituído por Klaus-Dietrich Flade.