Estilo de vida
19/03/2021 às 14:00•2 min de leitura
A estrutura do DNA tem, entre outros elementos, o fósforo que, à época em que se acredita que a vida surgiu no planeta, estava firmemente preso dentro de minerais insolúveis na superfície da Terra. Como ele se tornou disponível sempre foi um mistério – até agora: pesquisadores das universidades Yale e de Leeds acreditam que raios foram os responsáveis pela liberação do fósforo necessário para a criação das biomoléculas que seriam a base da vida no planeta.
“Este trabalho nos ajuda a entender como a vida pode ter se formado na Terra e se esse processo pode estar acontecendo em outros planetas semelhantes ao nosso”, disse o cientista planetário Benjamin Hess, principal autor do estudo publicado agora na revista Nature Communications.
Hess e seus colegas Sandra Piazolo e Jason Harvey modelaram um cenário em que tempestades elétricas despejavam sobre a superfície terrestre entre um e cinco bilhões de relâmpagos por ano (hoje, esse valor foi reduzido para 560 milhões de raios anuais).
Destes, entre cem milhões a um bilhão cairiam em terra firme, fragmentando minerais e despejando, depois de um bilhão de anos e presumíveis um quintilhão de descargas elétricas, fósforo suficiente para o surgimento da vida.
A ideia envolvendo raios não foi a primeira testada pelo grupo. Eles primeiro pensaram no fósforo schreibersita, comum em meteoritos e solúvel em água (esse mineral só é encontrado em nosso planeta na Ilha Disko, na Groenlândia). O problema é que, para suprir a quantidade de fósforo necessária para a formação de biomoléculas, eles deveriam cair em abundância – o que, entre 3,5 e 4,5 bilhões de anos, não mais acontecia.
A schreibersita, porém, pode ser encontrada nos fulguritos, que são o resultado da fusão da areia quando ali cai um raio. Essa hipótese ganha daquela dos meteoritos porque, se a quantidade de pedras caindo do céu decresceu com o tempo, o número de descargas elétricas na atmosfera permaneceu constante por bilhões de anos.
O fulgurito analisado pelos pesquisadores mostrou traços de schreibersita no interior, sugerindo que relâmpagos teriam liberado o fósforo essencial para o surgimento da vida na Terra primitiva.
“Isso faz com que os relâmpagos sejam uma possibilidade significativa em relação à origem da vida”, disse Hess.